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Após o sucesso de 'Tropa 2', cinema nacional aposta na continuação de blockbusters

AMANDA QUEIRÓS
colaboração para a folha

Típica da indústria hollywoodiana, a prática de continuações de blockbusters contaminou, enfim, o cinema brasileiro. Pelo menos oito produções nacionais engatilham sequências a partir de 2012.

Em breve, numa tela perto de você, estarão em cartaz as comédias "De Pernas pro Ar 2", "A Casa da Mãe Joana 2", "Muita Calma Nessa Hora 2", "Cilada de Férias" -continuação para "Cilada.com"-, além do espírita "Nosso Lar 2" e da ação "Assalto ao Banco Central 2".

A franquia "Se Eu Fosse Você", que fez 6 milhões de espectadores para sua versão 2.0, de 2009, dará origem a dois novos filmes.

No período pós-Retomada, como se convencionou chamar a produção nacional de 1995 para cá, o longa de Daniel Filho só perde em público para "Tropa de Elite 2" (2010), que levou 11 milhões de pessoas ao cinema.

O fato de os dois filmes brasileiros mais vistos nos últimos 16 anos serem continuações fez com que a indústria local se desse conta do potencial escondido aí.

Segundo o Filme B, portal de análise do mercado cinematográfico, o Brasil fecha 2011 com um público 4% maior que o de 2010, o que representa 140 milhões de ingressos vendidos. Sete filmes ultrapassaram a faixa de 1 milhão de público -três deles terão sequências.

"Filmes populares têm encontrado seu público, e a abertura de shoppings e salas de cinema em áreas de classe C provocam, sem dúvida, um aquecimento importante no consumo", afirma Mariza Leão, produtora de "De Pernas pro Ar 2".

O momento também indica uma profissionalização crescente do setor.

"Esse boom é um sintoma de que o cinema brasileiro está finalmente deixando de ser apenas um 'cinema de diretor' para se tornar também um 'cinema de produtor', em que o filme é pensado como produto", afirma Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme. A empresa pública é coprodutora e codistribuidora de "De Pernas Pro Ar 2", "Muita Calma Nessa Hora 2" e "Cilada de Férias".

Segundo Leitão, a injeção de verbas em um tipo de filme claramente comercial tem um objetivo: gerar lucro.

BAIXO RISCO

Uma franquia nasce, invariavelmente, de um sucesso prévio, o que reduz riscos e potencializa o retorno financeiro da produção seguinte. "Quando você faz um filme, o mais difícil é emplacar uma marca. Nada mais natural que criar outra história em cima dela", aposta Leão.

"A vantagem é que você pode ter uma dimensão mais precisa do tamanho do lançamento e da previsão de retorno", afirma Abrão Scherer, da distribuidora Imagem Filmes, responsável por "A Casa da Mãe Joana 2".

Para o diretor José Alvarenga Jr., que vendeu 5 milhões de ingressos com dois longas inspirados na série de TV "Os Normais", insistir numa história com os mesmos personagens também é válido do ponto de vista criativo. "É uma oportunidade de abordar outras possibilidades narrativas", diz.

Para Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, a opção requer cuidados. "Pra merecer uma continuação, um filme tem que ter algo que o justifique, um elemento novo. É mais fácil apostar no conhecido, mas tem que mudar algo, senão não haverá nada para cativar o público."

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