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Crítica/Comédia Comédia decepcionante repisa velhas obsessões sexuais dos humoristas na TV INÁCIO ARAUJOCRÍTICO DA FOLHA Existe uma distância desconfortável entre a turma do Casseta & Planeta e o cinema. Eles são capazes de criar um ambiente saudavelmente anárquico, que preserva de algum modo o espírito das antigas chanchadas, e de representar um descompromisso bem carioca com as coisas. No entanto, "As Aventuras de Agamenon, o Repórter" se organiza mais ou menos como um conjunto de gags de um programa de TV do Casseta. Com uma diferença constrangedora: em vez de pular de um assunto a outro, temos aqui algo como um programa monotemático sobre o personagem. E ele, Agamenon, sofre de intransponíveis limitações. A começar que as gags, em boa parte, se baseiam em antigas obsessões sexuais dos comediantes (bem antigas: a mulher que dá pra todo mundo, o sujeito de pau grande etc.). E se baseia, em outra parte, num jogo (também desgastado) entre o clichê (verbal, o mais das vezes) que se anuncia e a tirada que o contradiz. Um problema complementar: o melhor de "Agamenon" vem dos efeitos especiais, em particular os celebrizados por "Forrest Gump, o Contador de Histórias" (1994). Mas esses remetem ao tempo de atuação de Agamenon na imprensa, que grosso modo coincide com o tempo de existência do cinema. De qualquer maneira, a maior parte de seus espectadores talvez não tenha familiaridade com Churchill para acompanhar as gags, não muito animadoras, sobre o britânico, ou o suicídio de Getulio Vargas etc. Se a isso acrescentarmos o caráter descosido da narrativa (com história linear que não conduz a nada), teremos mais uma comédia decepcionante, embora talvez a mais aplicada, vinda desse grupo de comediantes que ainda não se recuperou da orfandade da morte de Bussunda. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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