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Inverno do Fashion Rio será "aposentado"

Em dois anos, evento carioca passará a ter "verão" e "alto verão", diz diretor do evento

DO RIO

O clima carioca não dá mole para o inverno, fato. E certamente essa falta de frio se reflete nas passarelas de inverno do Fashion Rio, tão menos interessantes em termos criativos do que as de verão.

Na temporada inverno 2012 do evento, que termina amanhã, não tem sido diferente.

Tendências requentadas das passarelas internacionais deram o tom dos desfiles do evento até agora, com coleções pouco criativas, embora muitas vezes simpáticas.

Essa característica, que aproxima o inverno carioca de um grande desfile de fast fashion -versões mais baratas e levemente remixadas das coleções de luxo internacionais-, ajuda a reforçar a ideia dos organizadores do evento de aposentar a temporada fria do Fashion Rio.

O plano do diretor da semana de moda, Paulo Borges, é fazer uma temporada de verão e outra de alto verão, com um certo ajuste de datas a ser definido.

Dessa forma, o evento valorizaria em dose dupla o que a moda carioca tem de melhor: das areias do Rio saem tendências de praia e street-wear copiadas mundo afora.

Com essa nova configuração, que deve ser colocada em prática nos próximos dois anos, os negócios serão alavancados, e as grifes terão a chance de ampliar suas relações com o mercado internacional, sempre sedento pelas novidades "tropicais" nas temporadas de verão.

É claro que as grifes do Fashion Rio vendem para o Brasil inteiro, mas o fato é que, com exceção da região Sul e parte da Sudeste, o país não tem consumo em massa de artigos pesados de inverno (grandes casacos, tricôs grossos, peles etc.), por total falta de necessidade.

Mesmo o crescente número de brasileiros que viaja para a Europa prefere comprar suas roupas de frio mais importantes já no exterior. Costuma sair mais barato.

Assim, faz sentido que o Rio volte ao que ocorreu nos anos 1960 e 1970, quando era o grande polo irradiador de modas de verão do mundo.

Enquanto isso, no pseudoinverno do Fashion Rio, dominam as roupinhas de vovó que apareceram em desfiles como o de Marc Jacobs na semana de Nova York e o orientalismo ornamental misturado a referências do "art déco", tendência forte na última temporada europeia.

Nos corredores do evento, uma conversa entre dois norte-americanos ajuda entender a questão.

"Para que copiar essas coisas quentes da Europa? Já passei três invernos no Rio e o máximo que eu usei foi uma jaqueta de couro. E olha que sou friorento e moro em Miami!"

(VW)

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