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Diretores de cinema querem trocar Oscar por Grammy

Clint Eastwood, Robert Rodriguez e John Carpenter são alguns nomes que assinam as trilhas de seus filmes

THALES DE MENEZES
de são paulo

No próximo dia 24, data do anúncio dos indicados ao Oscar 2012, Clint Eastwood, 81, deve prestar atenção na revelação dos nomes que vão concorrer a melhor filme, melhor direção, melhor roteiro e... melhor trilha sonora.

Um apaixonado por jazz e música country, o cineasta começou a escrever -e até cantar!- músicas para seus filmes em 1980, desde o faroeste cômico "Bronco Billly".

Seu mais recente longa, "J. Edgar", estreia no Brasil no próximo dia 27 -mais uma vez com trilha assinada pelo diretor, ator e produtor.

Talento musical entre cineastas não é um privilégio de Eastwood. John Carpenter, 63, mestre de filmes de terror e sci-fi, criador de clássicos como "Halloween" e "Fuga de Nova York", compôs música para 14 de seus 18 filmes.

"Isso não teve relação com ambições artísticas. Nunca tinha um grande orçamento nas mãos, fiz a música por economia", contou Carpenter à Folha, de Los Angeles.

"Cuidava de tudo que pudesse fazer sem ter de pagar para outras pessoas. Era diretor, editor, batia à máquina os contratos, fazia música e passava o café", diz, rindo.

Seu próximo projeto é, nas palavras dele, um "western gótico". Mas ele não parece à vontade para essa trilha.

"Não sou tão familiarizado com a música country. Acho que vou ter de contratar Clint Eastwood para fazer a trilha", brinca Carpenter.

Outro que começou fazendo música para economizar foi Robert Rodriguez, 43. Aprendeu a tocar violão aos quatro anos, teve bandas de rock e compôs canções para nove de seus filmes. E canta uma música na trilha de "Kill Bill 2", do amigo Tarantino.

ÁLBUM SOLO

Mas há um cineasta que tem realmente pretensões artísticas na música. David Lynch, 65, lançou no final de 2011 um disco solo, "Crazy Clown Time", coleção de soturnas músicas eletrônicas com pegada trip-hop (leia ao lado).

Em sua filmografia marcada por obras bizarras, Lynch fez várias trilhas em parceria com o músico Angelo Badalamenti, como "Blue Velvet" e "Twin Peaks".

Também escritor e artista plástico, Lynch se definiu como "cantor eletrônico" nos eventos de divulgação do álbum, referindo-se aos efeitos aplicados a sua voz fina.

Jim Jarmusch, 58, que fez fama no cinema indie de Nova York nos anos 80, arrisca seus rocks, mas não os mistura com os filmes que dirige.

Ele aparece cantando nas trilhas sonoras de "Para Sempre na Memória", de Marisa Silver, e "O Estado das Coisas", de Wim Wenders.

ROCK CIGANO

O sérvio Emir Kusturica, 57, toca sua premiada carreira no cinema junto com turnês da No Smoking Orchestra, sua boa banda de rock cigano.

O primeiro filme do diretor exibido no Brasil, na Mostra Internacional de São Paulo de 1981, foi "Você Se Lembra de Dolly Bell?". Contava a história de um garoto nos anos 60 descobrindo o sexo e montando uma banda de rock.

Apesar disso, Kusturica só colocou músicas próprias em um longa de sua filmografia, "A Vida É um Milagre" (2004).

"Meus filmes e minha música são coisas diferentes", disse em 2001, quando trouxe sua banda para dar shows em São Paulo.

O italiano Dario Argento, 71, mais um nome consagrado por fãs de filmes de terror, tem uma bagagem musical diferente: jazz e ópera. Ele escreveu a trilha de "Suspiria", de 1977. E ficou nisso. "Nunca mais tentei. Gosto do filme, mas a música não tem nada de especial", disse, em uma entrevista de 2002.

As trilhas que o compositor Carmine Coppola escreveu para os filmes do filho Francis, 72, tiveram muitos palpites do cineasta -mas este nunca quis crédito.

Veja clipes de músicas escritas por cineastas
folha.com/no1033513

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