Greenaway filma vida de Eisenstein no México
Longa foi destaque no Festival de Berlim
A interpretação muito particular do diretor Peter Greenaway para o período em que o cineasta russo Serguei Eisenstein passou no México foi o destaque desta quarta-feira (11) na competição do Festival de Berlim.
Um dos títulos mais aplaudidos até agora, "Eisenstein in Guanajuato" promete causar controvérsia ao defender a tese de que o cineasta (vivido pelo ator Elmer Bäck) prolongou ao máximo sua estadia no país --onde chegou em 1930, depois de uma frustrada passagem por Hollywood-- por ter se apaixonado pelo seu assistente local, Palomino Cañedo (Luis Alberti).
Para Greenaway, a fase mexicana abalou o diretor dos clássicos "O Encouraçado Potemkin" (1925) e "Outubro" (1928) em vários sentidos. Enquanto rodava o longa que nunca concluiria ("¡Que Viva México!" foi editado sem sua participação), Eisenstein começou a questionar a Rússia de Stálin e mudou o foco de seu cinema da política para a condição humana.
Mas a principal revolução se deu "no próprio corpo de Eisenstein", segundo Greenaway. Elmer Bäck, que retrata o cineasta como um artista excêntrico e quase infantil, encara uma cena de sexo bastante gráfica e contribui, com uma interpretação irreverente, para desconstruir a figura do artista intocável --o que parece ser o principal objetivo de Greenaway.
Curiosamente, o filme não recorre a imagens de "¡Que Viva México!". Greenaway prefere preencher a tela dividida e os recursos gráficos que caracterizam seu cinema com os desenhos eróticos de Eisenstein e fotos de sua passagem pelo país.