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Televisão na internet investe na produção de conteúdo nacional

De olho na audiência, serviços de vídeo sob demanda encomendam programas brasileiros

Executivo do Netflix diz que vai às compras em fevereiro em evento no Rio que terá palestra do diretor da série 'Lost'

ARTICULISTA DA FOLHA

Um produtor de São Paulo, que pede anonimato, relata que seus negócios estão sendo alavancados não pela TV paga, mas por um novo ator: o vídeo por demanda, via internet. Serviços como o Netflix passaram a investir em produção nacional.

Criado há quatro anos nos EUA e instalado há quatro meses no Brasil, o Netflix cobra R$ 14,99 por mês para permitir o acesso, de início, a 1.300 títulos, entre filmes e séries. O acesso pelo televisor é feito hoje com consoles de games (PS3, Wii, Xbox) e outros aparelhos, além das novas "smarTVs", televisores com navegação on-line.

Jonathan Friedland, vice-presidente global de comunicação e marketing do Netflix, diz que o avanço inicial no Brasil, "nosso primeiro serviço em língua estrangeira", foi lento, melhorando perto do Natal com a viabilização do acesso por mais consoles.

Não dá números, mas em carta aos acionistas o Netflix disse estar "servindo centenas de milhares de latino-americanos", 40% brasileiros.

Segundo seu presidente, Reed Hastings, "é cedo para dizer se vamos chegar ao equilíbrio entre receita e despesa [break even] em dois anos, como gostaríamos". Ele e Friedland preferem destacar que é hora de "aprender".

No Brasil, o Netflix já aprendeu que, embora a classe C queira filmes e séries dubladas, a maioria dos assinantes iniciais tem renda maior, é jovem e quer legendas.

E quer conteúdo nacional, mas "alternativo, diferente", daí o investimento em produções como os especiais de Rafinha e do UFC. "Estamos falando com produtores e também com redes. Licenciamos conteúdo da Globo para o resto da América Latina. Rafinha está na América Latina, nos EUA e no Canadá."

Friedland avisa que vai às compras em fevereiro no Rio Content, feira criada em 2011 pelos produtores independentes que acabou atraindo 2.000 pessoas. Neste ano, a palestra central será de Jack Bender, diretor de "Lost".

"A gente pensa sobre isso o tempo inteiro, acompanha de perto", diz Alberto Pecegueiro, da Globosat, sobre a chegada do vídeo sob demanda.

No início de 2011, nos EUA, as operadoras de cabo sofreram sua primeira queda na base de assinantes. "Pela primeira vez, a conexão do domicílio poderia estar sendo abalada pela oferta de conteúdo da internet", diz ele. "Mas o ano fechou, e a conclusão foi que a queda se deu mais em função da recessão."

Pecegueiro diz que "é claro que se constata, nas pesquisas, aumento no consumo de vídeos", daí a resposta de operadoras e programadoras, nos EUA e agora no Brasil, com a "TV everywhere", permitindo acesso aos programas via internet, em qualquer tela. "Até aqui não há nenhuma 'disrupção' no negócio de TV paga."

Friedland diz que "todos se movem nessa direção. Em dez anos, todos vão estar lá, até a Globo". (NELSON DE SÁ)

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