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Grafiteiro volta à ativa com 'óculos mágicos'

Documentário em festival paralelo a Sundance retrata retorno de artista com paralisia

FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A PARK CITY, UTAH

Foi com a ajuda de um estranho que o artista norte-americano Tony Quan voltou a desenhar pela primeira vez em sete anos, desde que se viu paralisado por uma doença, numa cama de hospital.

O feito aconteceu com a criação de um aparelho chamado "Eyewriter" (olho escritor), eleito pela revista "Time" como uma das 50 invenções de 2010.

Os altos e baixos do processo para fazê-lo funcionar, além da jornada pessoal de Quan, estão no documentário "Getting Up", exibido no festival Slamdance, que acontece paralelamente ao Sundance, em Park City (EUA).

Grafiteiro pioneiro da cena de Los Angeles, Quan é conhecido como Tempt1 e era também ativista social e editor de uma revista.

Até que, em 2003, foi diagnosticado com uma doença neurodegenerativa sem cura e, em pouco tempo, estava sem poder se mexer, falar ou respirar. Ficou apenas com o movimento dos olhos.

Entram em cena seus amigos, que levantaram fundos e reuniram obras de gente como Barry McGee e Shepard Fairey para uma exposição beneficente.

E surge também Mick Ebeling, marido de Caskey, diretora do documentário, ambos convidados por um amigo para a abertura da mostra.

Mick foi criado numa família de filantropos e é dono de uma produtora de animação e design.

Num primeiro momento, ele doou dinheiro para Tempt ter acesso a um computador que traduz para uma voz robótica suas palavras formadas numa tela através de movimentos dos olhos.

Depois, resolveu ir além ao conhecer o grupo Graffiti Research Labs (GRL), que na época divulgava suas pesquisas sobre grafite a laser.

"A gente simplesmente conectou os pontos", disse Mick à Folha. "Tempt consegue operar uma máquina com os olhos. E se juntarmos isso com o grafite a laser?"

CRIAÇÃO DO SOFTWARE

Mick convidou meia dúzia de hackers e artistas membros do GRL para passar duas semanas em sua casa em Venice Beach, na Califórnia, e desenvolver um software que, conectado a um óculos com uma câmera embutida, é capaz de permitir que pessoas com paralisia possam desenhar com os olhos.

No documentário, Tempt aparece fazendo desenhos no computador, apesar das frustrações com certos limites apresentados pelo programa.

Ele também projeta "pichações" em tempo real no paredão do hospital, feitas de laser azul, temporárias, e tem um de seus desenhos transformados numa escultura em três dimensões.

A Dell tentou melhorar o aparelho, mas desistiu. Agora, a Samsung testa o "Eyewriter" com pacientes com paralisia e já barateou sua fabricação de US$ 10 mil (R$ 17,6 mil) para US$ 45 (R$ 79). Segundo Mick, a firma promete publicar os códigos-fontes ao finalizar suas pesquisas.

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