Dupla lança CD e DVD de parcerias com escritores
Já vai longe o tempo em que eles cantavam "nóis semo umas almôndegas, he-he-he, e viva o zen-budismo". Ao longo de quase 40 anos de carreira, Kleiton e Kledir viraram símbolo da música gaúcha revisitada, de temas do Sul recriados com poesia, lirismo e humor.
Agora, eles se reinventam e se revolucionam. "Com Todas as Letras", recém-lançado, tem uma dúzia de pais e mães. Traz criações de dez escritores gaúchos musicadas e buriladas por K&K.
A embalagem para venda traz as músicas em CD e um DVD com um documentário sobre a construção do projeto, com depoimentos dos autores. Há uma edição promocional, patrocinada pelo governo do RS, que inclui um disco em vinil e um livro em que as letras são desenhadas por artistas gráficos.
"Acho que nunca foi feito nada assim no Brasil, do jeito que foi feito esse trabalho, encontrar os escritores, fazer com que eles botassem a mão na massa, trabalhar do zero", diz Kleiton Ramil, 63.
Kledir, 62, explica o processo criativo: "Teve um primeiro encontro com cada um dos escritores para entender o que eles gostavam de música. Daí a gente escrevia a música, mandava para o autor, ele escrevia a letra em cima da melodia e nos devolvia. Muitas não encaixavam muito bem na melodia, então eu fazia todo um trabalho de lapidação. Eles são os artistas, eu sou o artesão do projeto".
O trabalho começou em 2013, mas a origem do projeto está nos anos 1970, quando surgiu a ideia de fazer música em parceria com o escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996).
Mas só na primavera de 1995 Caio escreveu "Lixo e Purpurina. Ela ficou guardada, e agora abre o disco, cantada pela dupla com Adriana Calcanhotto.
TIME
Além de Caio, o elenco de escritores é formado por Luis Fernando Verissimo (que faz um solo de sax), Martha Medeiros, Leticia Wierzchowski, Fabrício Carpinejar, Claudia Tajes, Daniel Galera, Lourenço Cazarré, Alcy Cheuiche e Paulo Scott.
No fim surge unidade em um disco construído com temas extremamente variados. Há desde uma canção calcada na natação até um texto que fala sobre uma relação homoafetiva, passando pelo bisbilhotar através de um olho mágico.
"O ambiente muito comercial da música brasileira está muito vulgarizado. Temos que trazer novidades", afirma Kledir.