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Internets - Ronaldo Lemos Após Sopa, discurso sobre pirataria muda O que fazer quando um debate naufraga perante a opinião pública? Chame os marqueteiros e mude o tom da discussão. Foi o que aconteceu com o aquecimento global ("global warming") transformado em "mudança climática" ("climate change"), bem mais neutro. A mesma estratégia está sendo usada agora após a primeira batalha perdida pelo Sopa e o Pipa. Os termos "pirataria" e "propriedade intelectual" estão sendo limados do debate. Despertaram reações da sociedade global, temerosa de que a internet seja censurada. Por isso, estão sendo substituídos por novos termos: "contrabando", "contrafação" e "práticas comerciais desleais". A ideia é transformar o debate em tema comercial. Isso ficou claro no discurso de Barack Obama no Congresso americano na semana passada. Ele disse: "Não é correto que outros países deixem que nossos filmes, músicas e softwares sejam pirateados... Estou anunciando nesta noite a criação de uma Unidade de Observância Comercial, que irá investigar práticas comerciais desleais em países como a China. Haverá mais inspeções contra mercadorias contrabandeadas ou inseguras". Com isso, ganha força o Acta (Tratado Comercial Anti-Contrafação), que segue o mesmo caminho do Sopa, só que no plano internacional. A questão não é se a pirataria deve ou não ser combatida. Mas, sim, o quanto desse combate resvala na criação de barreiras comerciais para serviços da internet desenvolvidos por outros países. Talvez a mudança de discurso só revele algo que sempre foi. Reader
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