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Organizações reclamam de paralisação no Cine Mais

Programa do Ministério da Cultura distribui kits de cinema pelo país

Associações lideradas pelo Conselho Nacional de Cineclubes falam em dificuldade de diálogo e falta de novos editais

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Há cerca de um ano, no sertão do Sergipe, perto de onde Lampião morreu, algumas dezenas de pessoas se reúnem periodicamente diante de uma TV de 42 polegadas.

O arremedo de cineclube acontece às quartas-feiras, numa salinha que antes abrigava parte do Fórum de Justiça da cidade de Nossa Senhora da Glória (32,5 mil habitantes). Entre os filmes exibidos, "Bicho de Sete Cabeças" e "Carandiru".

A ideia é profissionalizar o cineclube na cidade "onde há muito tempo teve um cinema de verdade", diz o responsável Manoel Messias, 51.

Mas, contemplado em edital do Ministério da Cultura em 2010, o espaço ainda não recebeu o prometido kit do programa Cine Mais Cultura.

Esse "pacotão cineclubista" inclui equipamentos (telão, data show, microfone, caixas de som e filmadora), oficinas de formação e acesso ao acervo de filmes da Programadora Brasil, braço da Cinemateca Brasileira.

"PARALISAÇÃO"

Oito associações, lideradas pelo CNC (Conselho Nacional de Cineclubes), reclamam da "paralisação do Cine Mais Cultura" em carta pública à secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana.

"Você liga para a Secretaria de Cultura do Estado, aí ligam para Brasília. Mas não te dão retorno, prazo, nada", afirma o sergipano Messias.

As entidades contestam a falta de novos editais e a estagnação de pelo menos 15 editais abertos em 2010. Os cineclubes citados na carta ao governo se espalham por municípios quase sempre pequenos de Estados como o Rio de Janeiro, a Paraíba, o Ceará, o Maranhão e o Rio Grande do Sul.

"Tem outros projetos com a SAV [Secretaria do Audiovisual] que funcionam. O Cine Mais é que preocupa", diz à Folha o presidente do CNC, Luiz Alberto Cassol.

Ele tem reunião marcada com Santana hoje.

ESCLARECIMENTOS

Em 8 de dezembro, a secretária enviou um e-mail com "esclarecimentos" a Cassol. No documento, afirma que o projeto é "ação prioritária" e "não sofrerá qualquer tipo de paralisação em 2012".

Santana também ressaltava que, com a virada de governo, no começo do ano de 2011, "julgou-se oportuna [...] a sua avaliação, quantitativa e qualitativa (que deveria ter sido feita nos últimos anos e não foi)".

A secretária reforça que esta iniciativa "foi inclusive referendada pelo CNC".

Cineclubistas questionam a responsabilização das gestões anteriores -Santana entrou na SAV em 2002, como estagiária, e foi alçada à chefia nove anos depois.

"Portanto, mais do que qualquer um, ela tinha conhecimento sobre todas as características e necessidades do programa", diz Cassol.

Procurada, a SAV informou que o Cine Mais Cultura será retomado em abril, após varredura nas parcerias já feitas.

O hiato, diz o órgão, é "para corrigir problemas administrativos que não foram realizadas na época do início da ação".

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