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Foco

Morre, aos 69, Zalman King, roteirista do filme 'Nove Semanas e Meia de Amor'

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O câncer levou Zalman King. Historiadores de cinema não deram muita bola, mas todos nós, adolescentes dos anos 1980, devemos muito a ele.

Em 1986, King escreveu e produziu "Nove Semanas e Meia de Amor", um drama erótico dirigido por Adrian Lyne que marcou, junto com "Wall Street", de Oliver Stone, o ápice do cinema "yuppie" da era Reagan.

A história envolvia um investidor de Wall Street (Mickey Rourke) e uma funcionária de uma galeria de arte (Kim Basinger), que começam um romance tórrido, quase todo passado num apartamento luxuoso.

Usando uma estética de comercial de TV, então rara, King e Lyne fizeram um longo videoclipe erótico, que se tornou uma grande influência estética. Não foram poucos os clipes musicais da época que copiaram seu visual "néon-chique".

"Nove Semanas e Meia de Amor" não foi um grande sucesso em cinemas, mas -surpresa- arrebentou quando lançado em VHS. O filme capturou a libido de casais mundo afora. Quem não sonhou em passar um cubo de gelo no umbigo de Kim Basinger?

Zalman King começou a carreira como ator em séries de TV ("As Panteras", "Gunsmoke") e atuou em filmes B, como o cultuado "Blue Sunshine" (1978), sobre um tipo de LSD que provocava calvície e instintos homicidas -não necessariamente nessa ordem.

Mas foi no pornô "soft" que ele deixou sua marca. Em 1988, dirigiu "Um Toque de Sedução", em que a espetacular Sherilyn Fenn ("Twin Peaks") fugia da monotonia do noivado com um almofadinha e caía nos braços de um brutamontes sexy, que era funcionário de um parque de diversões.

Em 1990, King veio ao Brasil rodar "Orquídea Selvagem", filme que causou comoção mundo afora por uma suposta cena de sexo real entre Mickey Rourke e a modelo e atriz Carré Otis.

Por aqui, o filme será lembrado pela cena de um túnel que começa no Rio e termina, se me lembro bem, na Bahia.

Nos anos 1990, King fez sucesso com "Diário Íntimo", um drama erótico feito para a televisão e estrelado por David Duchovny, de "Arquivo X". King depois adaptou o filme em uma série, que durou até 1997.

Até em sua despedida, Zalman King apelou ao erotismo: foi-se, aos 69.

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