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Cinema

Thatcher ganha perfil feminista em longa

Diretora de "A Dama de Ferro" diz que a primeira-ministra abriu as portas para as políticas atuais, como Dilma Rousseff

Cineasta Phyllida Lloyd quis ir além da imagem austera que marcou a premiê; Meryl Streep vive a protagonista

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Margaret Thatcher, a primeira mulher britânica a se tornar primeira-ministra, ganhou o apelido de dama de ferro por seu estilo firme e ríspido no exercício do cargo.

Phyllida Lloyd, diretora de "A Dama de Ferro", filme que estreia hoje no Brasil, vai além da imagem austera e diz que Thatcher, interpretada por Meryl Streep, é uma feminista que abriu as portas para as políticas atuais, como Angela Merkel, Hillary Clinton e Dilma Rousseff -por quem demonstra interesse.

"Embora Thatcher não se considere feminista, eu a considero. No fim dos anos 1980, um menino inglês perguntou ao professor: 'Desculpe, senhor, mas um homem pode ser primeiro-ministro nesse país?'. Então, para o garoto, que vivera a vida inteira sob uma premiê, isso deve ter tido um grande efeito."

Thatcher é uma figura controversa no país. Seu longo governo, de 1979 a 1990, foi marcado por políticas de austeridade e revoltas populares.

A diretora, porém, evita posicionamentos políticos: "Eu acho que não é um filme político, ele tem política. Mas não tentamos julgá-la. Estamos olhando para temas maiores, que Shakespeare exploraria, como lidar com o poder, com a perda de poder". "Rei Lear" e "Coriolanus" são suas referências.

O filme se concentra na década de 2000, quando Thatcher deixa a vida pública por recomendação médica, apresentando sinais de demência.

É nesse período que seu marido, Denis (Jim Broadbent), morre. "No filme, Thatcher está tentando se despedir do marido. Ele é um sintoma de sua demência. Se ele for embora, se ela limpar suas roupas e armários, as lembranças a deixarão em paz", conta a diretora.

Lloyd havia dito à revista "Vogue" americana que reconhecia Streep, uma americana interpretando um ícone britânico, como uma "outsider" no projeto, da mesma forma que Thatcher era na política. À Folha, ela conta que se sente assim na indústria cinematográfica.

"Eu venho do teatro, que é um ambiente muito tolerante e acolhedor. No cinema, eu reconheço esse sentimento de entrar num lugar cheio de homens e pensar que preciso trabalhar mais, estar mais preparada, ser melhor, acordar mais cedo, não errar. Acho que é assim que as mulheres ainda se sentem."

O filme, escrito, dirigido e protagonizado por mulheres, é muito influenciado pela visão feminina, diz Lloyd.

Sobre a atuação de Streep, favorita na corrida pelo Oscar, a diretora afirma que "Meryl é o filme".

Na melhor tradição do Parlamento britânico, de confrontar o premiê semanalmente, Lloyd diz que, se Streep não ganhar o prêmio, "bem, teremos que fazer algumas perguntas".

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