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Crítica Drama

Filme em preto e branco e sem diálogos soa como novidade em tempos de 3D

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Para começo de conversa: "O Artista" não é um filme mudo, mas sim um filme sem diálogos.

Além da música, presente em todo o filme, o diretor francês Michel Hazanavicius usa alguns efeitos sonoros tão bem colocados que causam um impacto tremendo. É como se ele tentasse recriar o deslumbre que o som causou nas plateias dos anos 30.

"O Artista" pode ser apreciado por dois aspectos: primeiro, como um charmoso melodrama sobre um astro do cinema mudo, George Valentin (Jean Dujardin), que não consegue se adaptar ao cinema sonoro e vê a novata Peppy Miller (Bérénice Bejo), sua paixão, tornar-se uma estrela do "novo" cinema.

Em segundo lugar, o filme pode ser admirado como uma experiência, quase uma brincadeira, em que Hazanavicius explora a técnica do cinema e sua evolução. "O Artista" vira um making of sobre o cinema do fim dos anos 20.

Vemos, por trás das câmeras, Valentin filmando sequências de ação, sendo perseguido por tribos canibais, afundando em areia movediça e sendo salvo por um cãozinho. São vários "filmes dentro do filme" (cinéfilos vão adorar as referências a clássicos como "Cidadão Kane" e "Cantando na Chuva").

Em uma das sequências mais inspiradas, Valentin e Peppy contracenam e o ator se apaixona pela atriz, errando tomada após tomada, incapaz de conter seu crescente desejo pela moça.

O personagem de Valentin foi inspirado em John Gilbert (1897-1936), um grande ator do cinema mudo que viveu um romance com Greta Garbo. Gilbert entrou em decadência com o cinema sonoro, enquanto Garbo fez a transição com sucesso.

O tema central de "O Artista" é justamente essa briga do passado com o presente. A grande sacada de Hazanavicius foi usar algo tão "antiquado" quanto um filme em preto e branco e sem diálogos para mostrar que passado e presente não podem viver um sem o outro.

E as plateias modernas, curiosamente, veem no preto e branco do filme uma novidade, algo que só conheciam de reprises da TV. Numa época em que estúdios estão relançando filmes antigos, agora em 3D, para adaptá-los ao gosto atual, não é curioso que seja necessário um filme "velho" como esse para lembrar por que gostamos tanto de cinema?

O ARTISTA

DIREÇÃO Michel Hazanavicius

PRODUÇÃO França, Bélgica/ 2011

COM Jean Dujardin e Berenice Béjo

ONDE nos cines Espaço Unibanco Augusta, Iguatemi Cinemark e circuito

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

AVALIAÇÃO bom

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