Folia alternativa

	Rafael Andrade/Folhapress
	Benjão, Rubinho Jacobina, Bubu e Cibelle (ao fundo) e Iara Rennó (à frente), que integram o A.B.R.A Pré-Ca

"São marchinhas punks, tocadas com banda de rock."

Ao mesmo tempo em que tenta definir esteticamente as dez faixas do primeiro álbum do coletivo A.B.R.A. Pré-Ca, do qual faz parte, a paulista Iara Rennó (ex-DonaZica) resume a maneira como muitos de seus colegas de geração encaram hoje o Carnaval.

A.B.R.A. Pré-Ca significa, por extenso, Amigos Bandidos Residentes do Amor no seu Pré-Carnaval. Além de Iara, o coletivo junta ainda a paulista (radicada em Londres) Cibelle, o carioca Rubinho Jacobina (Orquestra Imperial) e a banda Do Amor.

"Não enxergamos nem o 'sou músico de rock' nem o 'vou tocar marchinha'", diz Gabriel Bubu, que, antes de ser baixista do Do Amor, tocava com Los Hermanos.

As marchinhas nasceram no ano passado, segundo Cibelle, de um "surto carnavalesco" que os envolvidos sofreram nos dias que passaram juntos no Miradouro -casa de criação que a cantora Thalma de Freitas comandou em Santa Tereza, no Rio.

"A gente compôs a maior parte das coisas no caminho pra praia", diz. "Virar um disco foi totalmente acidental."

Ainda que tocadas à "maneira punk", as composições dialogam com a estética tradicional das marchinhas.

Algumas respondem aos clássicos. "Marcha do Procure Saber" (Iara/Rubinho), por exemplo, evoca "Cabeleira do Zezé" (João Roberto Kelly) -aquela do "será que ele é?".

A letra do A.B.R.A. rebate: "Deixa o cabelo dele crescer/ Livre pro que der e vier/ Se ele baba no quiabo/ Ou lambuza o torresmo/ Ninguém tem nada com isso/ Ele faz o que quiser/ Larga do pé do Zezé".

Jacobina nota que, até os anos 1990, marchinhas eram consideradas caretas pela gerações mais novas.

"Marchinha é a crônica carioca genuína. Nos anos 2000, o pessoal começou a resgatá-las. Agora, estamos um momento adiante: o de compor as nossas, originais."

A.B.R.A PRÉ-CA
ARTISTAS Cibelle, Iara Rennó, Rubinho Jacobina e Do Amor
LANÇAMENTO ST2
QUANTO R$ 22, em média