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Sucesso de "Hugo Cabret" projeta carreira de Brian Selznick

Desenhos do autor infantil, parente de lendário produtor de cinema, inspiraram os movimentos de câmera do filme de Scorsese

ED VULLIAMY
DO “GUARDIAN”

Usando colete e sobrecasaca maltrapilhos, o garoto atravessa correndo o pátio de uma estação de trem, passando entre vidro, vapor e colunas de ferro.

Viramos a página, e ele está entrando na boca de um túnel quadrado, mergulhando nas sombras; ele se detém por um instante, achatando-se contra a parede do túnel, para assegurar-se de não estar sendo observado.

Essa sequência inicial do best-seller "A Invenção de Hugo Cabret" (2007), do autor e ilustrador de livros infantis Brian Selznick, 45, é lida como um filme à medida que você vira essas páginas.

O livro é a inspiração do filme de Martin Scorsese "A Invenção de Hugo Cabret".

O que mais chama a atenção é que, apesar do olhar magistral do diretor e de o filme ter sido feito em 3D, "Hugo Cabret", o filme, está mais próximo da obra no papel, e é mais respeitoso dela, que qualquer outra adaptação.

"Os movimentos da câmera são baseados em meus desenhos, mas são maiores e mais grandiosos que qualquer coisa que eu pudesse imaginar", diz Selznick.

Ele nasceu em East Brunswick, Nova Jersey; seu avô foi primo de David O. Selznick (1902-1965), produtor de "E o Vento Levou" (1939).

Enquanto estudava na Escola de Design de Rhode Island, em Providence, Brian Selznick também aprendia design de sets na vizinha Universidade Brown. Mas foi apenas quando trabalhou na livraria infantil Eeyore's Books, em Manhattan, que decidiu tornar-se ilustrador.

Sendo filho, eu mesmo, de uma autora de livros infantis (Shirley Hughes), não posso deixar de perguntar a Selznick sobre sua técnica.

"Trabalho nesta escala pequena com um lápis HB. Parte do que busquei foi conseguir o tom do cinema francês antigo em preto e branco."

Minha mãe fala do livro como uma obra de tecnologia notável, e Selznick tem a dizer o seguinte: "As pessoas usam os computadores mais e mais, algo que apaga a mão do artista. Eu quis fazer algo com o qual fosse possível ver a mão do artista".

"Eu quis também recriar a experiência de um filme na virada de páginas -refletir sobre como Hitchcock e Truffaut viravam páginas com suas câmeras."

Com "Hugo", temos um movimento de correspondência entre as duas coisas: "Temos um livro que celebra o cinema e agora um filme que celebra os livros".

Tradução de CLARA ALLAIN

A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

AUTOR Brian Selznick
EDITORA SM
TRADUÇÃO Marcos Bagno
QUANTO R$ 42 (534 págs.)

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