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Televisão

Mandrake volta ao universo 'visceral' de Rubem Fonseca

Marcos Palmeira revive o advogado mulherengo em dois telefilmes dirigidos pelo filho do escritor recluso

A Folha acompanhou um dia de gravação da trama, que mistura ricaços, adultérios e inferninhos no Rio

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Existem coisas que o tempo não muda. Mandrake ainda gosta de charutos, mulheres e mistérios. Não necessariamente nessa ordem.

Para todas as outras existe licença poética. Cria dos anos 60, o mais célebre personagem de Rubem Fonseca foi catapultado ao século 21 em histórias dirigidas por José Henrique, filho do escritor.

Muitas águas rolaram, e doses de uísque também, até chegarmos aqui. Depois de 13 episódios (2005-2007), Marcos Palmeira revive o advogado criminalista que dá nome a uma das primeiras parcerias da HBO com a TV brasileira.

Mas Mandrake, o personagem, já não é mais o mesmo. Volta ao ar cabisbaixo, cabeludo e barbudo, patinando pela sarjeta com os dois pés na jaca. Após se apaixonar por uma cliente, "está falido e em crise com o sócio [Luís Carlos Miele], de saco cheio do trabalho", diz Palmeira.

"Mandrake", a trama, é outra que sofre mudanças. Estreou como série, mas será contada agora em dois telefilmes, previstos para o segundo semestre. O jeitão de cinema continua, mas em digital, em vez de película. "A imagem é mais sedutora, colorida e gostosa", diz o diretor.

O mercado também mudou. Para melhor. De 2005 para cá, o número de assinantes da TV paga triplicou. Hoje, já são quase 13 milhões.

RIO EM JANEIRO

"Deve ser o dia mais quente da época mais quente do ano", exaspera José Henrique. E o lugar não é dos mais agradáveis: nesta tarde de janeiro, atores estão de preto, num cemitério do Rio, onde rodam a mesma cena uma, duas, dez vezes. Enterros reais acontecem por perto.

Fichinha para o engravatado Palmeira, que lembra de sufocos maiores. Como filmar "O Homem que Desafiou o Diabo" (2007) no sertão nordestino. De calça de couro.

Na trama, Mandrake só recupera a autoestima (e o visual bonitão aí ao lado) após ganhar novo caso - que vai misturar ricaços, adultérios e o lado "trash" da Copacabana para maiores de idade.

Para Palmeira, os telefilmes resgatam o submundo visceral de Rubem Fonseca (leia ao lado). Um universo "ultracarioca" com permissão para "aloprar", ao contrário da TV aberta. Em "Mandrake", fuma-se maconha, fala-se grosso e faz-se sexo grupal.

Nenhum espanto para quem está acostumado com a literatura de Rubem. O diretor garante que seu pai, o autor recluso, aprova a adaptação para os anos 2000, em que Mandrake fala com a amante (Érika Mader) por Skype.

Sob o solzão do Rio, José Henrique brinca: "Adoro sombra, cara! Quero mais é ficar na sombra do meu pai".

A jornalista ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER viajou a convite da HBO

FOLHA.com

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