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Diretor retrata grupo de militantes anti-Aids em filme

'United in Anger', de Jim Hubbard, traz imagens raras de protestos e debates do coletivo gay nova-iorquino Act Up

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

O fotógrafo e diretor Jim Hubbard lança o documentário "United in Anger" (unidos na raiva), em que mostra o ativismo contra a Aids e a pressão sobre o governo americano nos anos 1980 e 1990 para fazer políticas públicas a favor dos infectados.

Hubbard recolheu imagens raras de protestos e debates do coletivo gay Coalition to Unleash Power (Act Up), grupo nova-iorquino que completa 25 anos e teve entre os fundadores a fotógrafa Nan Goldin, que documentou a comunidade gay a partir dos anos 1970 na cidade.

Goldin está em cartaz no Museu de Arte Moderna, no Rio, com mostra que deveria ocorrer no centro cultural Oi Futuro, mas foi cancelada pelo conteúdo das imagens.

MILITÂNCIA

A Act Up, criada em 1987, é dedicada à militância anti-Aids nos Estados Unidos. Nos primeiros anos de atuação, promoveu ocupações em Wall Street, centro financeiro de Nova York, para pedir infraestrutura em hospitais, acesso a medicamentos e chamar atenção para a prevenção da doença.

Também organizou uma série de manifestações em Washington para pedir ao FDA (órgão norte-americano que regula remédios e alimentos) que agilizasse o teste e a liberação de drogas contra Aids. Em um dos atos de maior impacto, ativistas levaram o corpo de um homem morto em decorrência da Aids para procissão em frente à sedes do governo.

Outro protesto retratado por Hubbard foi a ocupação da cadetral St. Patrick's, tradicional em Nova York, após declarações de religiosos contra o uso da camisinha.

"[Quando reuni o material] meu primeiro impulso foi fazer um documentário de quatro horas, sem pena nem piedade. Mas logo me dei conta que seria um erro, que deveria fazer um documento de 90 minutos e retratar o essencial", disse o diretor após o lançamento do filme no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York).

QUINZENA NO MOMA

"United in Anger" estreou na Quinzena de Documentários 2012 do museu nova-iorquino, que acontece todos os anos em fevereiro. A quinzena terminou no domingo.

Após a exibição do filme, Hubbard apontou semelhantes entre a atuação do grupo gay e do Ocupe Wall Street, que desde setembro do ano passado promove manifestações pelo país para protestar contra as regras para o setor financeiro americano. "Antes do Ocupe e da Primavera Árabe, houve o Act Up", disse.

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