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Docudramas marcaram 62º Festival de Berlim

Misto de documentário e ficção, o gênero levou prêmios importantes

Trabalhos políticos contundentes, "Cesar Deve Morrer" e "Just the Wind" arrebataram os principais troféus

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A vida nas prisões em condições sub-humanas, o massacre de ciganos na Hungria, o poder onipresente da guerrilha no Congo.

O choque de realidade, que consagrou os premiados do 62º Festival de Berlim, no último sábado, atesta que o gênero mais conhecido como docudrama saiu como o grande vencedor do evento.

Mescla de documentário com situações encenadas, o docudrama esteve presente em "Cesar Deve Morrer", de Paolo & Vittorio Taviani, que ganhou o Urso de Ouro, principal prêmio do festival.

O gênero também aparece em "Just the Wind" (apenas o vento), do húngaro Bence Fliegauf, agraciado com o Urso de Prata, o grande prêmio do júri; e em "Rebelle" (rebelde), que rendeu à jovem de 14 anos, Rachel Mwanza, o Urso de Prata para atriz.

"Não vejo filmes com essas questões no cinema, por isso, primeiro procurei patrocínio em empresas que trabalham com TV. Mas, ironicamente, foi no cinema que ganhei apoio e agora as televisões vão transmitir esse prêmio", disse Bence Fliegauf.

O diretor abordou a perseguição aos ciganos, na Hungria, com uma câmara nervosa, que o tempo todo acompanha o ator principal, como em programas jornalísticos.

Com razão, Fliegauf observa como o cinema balança mais para a fantasia do que para o real.

Com raras exceções, como em 2003, quando "Neste Mundo", sobre imigrantes ilegais do Leste Europeu, rendeu a Michael Winterbottom o Urso de Ouro, obras contundentes sobre a realidade não eram premiados.

Por serem filmes de denúncia, eles podem ajudar a mudar o mundo?

"Eu não tenho mais 18 anos, não sou ingênuo, mas é claro que tornando questões assim públicas, os envolvidos vão ficar mais atentos com o que fazem", disse ainda Fliegauf, que ganhou outros dois prêmios independentes no festival: da Anistia Internacional e o Prêmio de Filme da Paz.

"O que me orgulha nessa edição é que nós fomos capazes de mostrar que existe um cinema atento para o que se passa no mundo, como nosso ciclo sobre a Primavera Árabe", ressaltou o diretor do festival, Dieter Kosslick.

O jornalista FABIO CYPRIANO se hospeda a convite do Festival de Berlim

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