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Longa dos irmãos Taviani flagra cotidiano de presos italianos

DO ENVIADO A BERLIM

Quando convocados a fazer o teste de escolha dos papéis para "Cesar Deve Morrer", os presos da cadeia de segurança máxima de Rebbibia, em Roma, precisavam dizer seu nome e origem de duas formas: emotiva e com raiva, como numa audição.

"Eles poderiam ter inventado qualquer coisa, mas todos falaram seus nomes reais, com sentimento, e nos emocionaram muito", contou o cineasta Vittorio Taviani, logo após receber o Urso de Ouro com seu irmão Paolo, por "Cesar Deve Morrer".

"Então percebemos que o filme seria uma forma deles mostrarem a seus amigos que estavam vivos", completou.

A produção apresenta um grupo de teatro real, existente dentro de Rebbibia, dirigido por Fabio Cavalli há mais de dez anos, e que encena a peça "Júlio César", de William Shakespeare.

O filme mistura cenas do ensaio e da apresentação final, em preto e branco.

O cinema como ferramenta para ajudar a mudar o real foi ressaltado pelos irmãos Taviani.

"Esse filme é muito diferente dos que já fizemos porque queríamos chamar a atenção para essas pessoas, que vivem em condições péssimas no cárcere. Isso precisa mudar", conta Paolo. Alguns presos estão encarcerados há 20 anos.

"Buscamos filmar aquilo que nos desafie. Por isso, estamos sempre em busca de abordagens diferentes em nossos longas", disse Paolo.

O Urso de Ouro para "Cesar Deve Morrer" não deve ser considerado uma homenagem aos irmãos octogenários, por produzirem filmes há mais de 50 anos.

O trabalho, envolvente e inteligente, leva o docudrama a um patamar além do documental.

(FC)

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