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Mostra "O Papa do Trash" lembra trabalhos do cineasta John Waters

"Pink Flamingos", sua produção mais importante, é um dos destaques do evento que começa hoje

Evento terá também os filmes mais comerciais do diretor, "Hairspray", que deu origem ao musical, e "Polyester"

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O Cinesesc inicia hoje a mostra "O Papa do Trash", com doze filmes do cineasta americano John Waters, 65. Uma ótima oportunidade para conhecer a obra desse artista que já se definiu como "um terrorista cultural".

Ele ficou conhecido por uma série de filmes experimentais nos anos 1970. Eram violentas e pervertidas sátiras à classe média e aos hábitos suburbanos dos americanos.

O cineasta usou no elenco uma trupe de amigos, conhecida por "Dreamlanders", e que incluía figuras como Divine (um travesti obeso e espalhafatoso), David Lochary e Mink Stole.

Os filmes foram censurados em vários países e transformaram Waters em uma das figuras mais cultuadas da cena cultural alternativa do seu país. Numa época de conflitos internos (Watergate) e externos (Vietnã), a obra de Waters, por mais extravagante e transgressora, parecia ter encapsulado um momento particular do país.

Nos anos 1980, Waters fez a ponte para Hollywood, em produções como "Polyester" e "Haispray", que, embora menos ácidos que seus primeiros filmes, mantinham o estilo visceral e irônico

Waters sempre se inspirou em sua cidade natal, Baltimore. Ele descreveu a cidade como "um paraíso da classe média kitsch e atormentada", em que famílias supostamente normais escondiam, por trás de suas casas bem arrumadas, todo tipo de perversão.

Crescendo nos anos 1950, Waters tornou-se obcecado pela cultura do rock'n'roll e dos filmes B.

Adorava Elvis, Little Richard e filmes de terror "trash". Mas tinha também um pé na "alta" cultura: era fanático por cineastas como Bergman e Federico Fellini.

CINEMA PERVERSO

A mostra do Cinesesc traz o filme mais importante da carreira de Waters, "Pink Flamingos" (1972). Divine faz

Babs Johnson, a matriarca de uma família que mora num trailer. Depois de ganhar de um jornal o título de "pessoa mais asquerosa viva", ela causa a fúria de uma família rival, que promete fazer de tudo para tirar o título dela. O que se segue é um desfile de perversidades e bizarrices difícil de ser batido.

Outro filme de relevo é "Desperate Living" (1977), sobre uma mulher que mata o marido com a ajuda da empregada. A dupla se refugia numa cidade tomada por marginais e dominada por uma rainha chamada Carlota, onde conhece uma lésbica praticante de luta livre.

Dos filmes "comerciais" de Waters, alguns dos mais interessantes são "Hairspray" (1998), depois adaptado para um musical de sucesso na Broadway, e "Polyester" (1981), à época lançado nos cinemas com o "odorama", uma cartela distribuída aos espectadores que deveria ser arranhada em determinadas partes do filme, para exalar um cheiro que correspondia às cenas.

O PAPA DO TRASH

QUANDO de hoje a 1º de março (veja a programação completa no site mostrajohnwaters.com.br)
ONDE Cinesesc (r. Augusta, 2.075; tel. 0/xx/11/3087-0500)
QUANTO de R$ 1 a R$ 4
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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