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Crítica Documentário

'Pina' devolve relevância ao cinema de Wim Wenders

Em 3D, tributo à coreógrafa agrega mobilidade ao olhar do espectador

DO CRÍTICO DA FOLHA

Entre as muitas qualidades de "Pina", a mais bem-vinda encontra-se na devolução do interesse ao cinema de Wim Wenders, cujo vigor se extraviou após o ápice em "Asas do Desejo" (1987).

Como em outros momentos de sua carreira, o alemão se vale do documentário para acessar outras visões e se libertar das obsessões que colocaram sua obra num beco sem saída.

Outra vantagem desse trabalho diz respeito à opção de fazer um filme não sobre a coreógrafa Pina Bausch (1940-2009), mas para ela. Isso muda radicalmente a perspectiva em relação à criadora e à criação.

Como havia feito nos trabalhos dedicados a Nicholas Ray e Yasujiro Ozu, em vez de se esforçar para reproduzir, por meio de imagens e testemunhos, quem foi Pina e o que ela criou, Wenders se detém diante do silêncio, do desaparecimento ou do mistério da pessoa.

Já o uso do 3D liberta nosso olhar de espectador, agrega mobilidade ao ponto de vista que, no espaço teatral, restringe-se ao do assento.

A câmera posta no palco, nos ensaios ou diante dos bailarinos-atores que dançam no mundo, em praças, cruzamentos e áreas livres, projeta uma visão de cinema.

O principal ganho é a transposição da dança para um meio que amplifica a experiência teatral com uma tecnologia que intensifica a percepção da corporeidade, da materialidade de objetos, figurinos e dos movimentos.

A proximidade torna-se ainda mais fascinante graças ao método escolhido por Wenders para encenar as entrevistas, que recusa o esquemático recurso das cabeças falantes. Quando ouvimos as falas dos bailarinos, ganhamos o poder de escutar pensamentos. Somos, de novo, anjos.

(CÁSSIO STARLING CARLOS)

PINA

DIREÇÃO Wim Wenders
PRODUÇÃO Alemanha, 2011
ONDE Patio Higienópolis, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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