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"Chamar de negão era circense", diz Didi Trapalhão Renato Aragão é o homenageado do ano no festival Risadaria, que hoje debate limites de piadas na TV Humoristas dizem que não se importam com polêmicas e processos, desde que a piada faça o público dar risada ELISANGELA ROXOMATHEUS MAGENTA DE SÃO PAULO Em meio a uma série de processos e polêmicas envolvendo humoristas na TV, há um consenso entre a classe que provoca o riso de que o país pode estar levando os bobos da corte a sério demais. O tema será discutido na mesa-redonda Fronteiras do Humor na TV, que acontece hoje à noite na terceira edição do festival de humor Risadaria (veja a programação em risadaria.uol.com.br). Para Marcelo Tas, curador do evento, componente da mesa e apresentador do "CQC" (Band), "o público está subestimando a própria ignorância, que pode ser traduzida por intolerância" em relação às polêmicas quanto aos humorísticos na TV. "Acho essa discussão de limites a mesma daquele quadro 'Piada em Debate', do 'TV Pirata'", afirmou. Para ele, "um dia, teremos vergonha de estar discutindo isso." Tas, como grande parte dos novos nomes da cena, acredita que o limite do humor, afinal, é "ser engraçado". Dentro desse contexto, porém, ele ressalva que não está incluída a gracinha que levou à saída de Rafinha Bastos do elenco do "CQC", no ano passado. "Nesse caso, não foi piada." Ele faz questão de defender a liberdade de expressão das piadas engraçadas. "Os humoristas expõem as condições para rirmos de nós mesmos." O diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, diz que os humorísticos do canal costumam provocar a ira de entidades de classe -como secretárias, enfermeiras e, recentemente, metroviários de São Paulo contra um quadro do "Zorra Total". A maioria das reclamações contra a Globo são oriundas do Ministério Público. "Negadis" O homenageado deste ano do Risadaria é Renato Aragão, que liderou "Os Trapalhões" e agora é da "Turma do Didi". À Folha, Aragão difere censura de politicamente correto. "As coisas que a gente fazia nos 'Trapalhões', chamar de paraíba e negão, eram algo circense. Hoje ninguém poderia tocar no assunto assim." "As classes conquistaram o respeito e têm o direito de exigi-lo", afirma Aragão, que é embaixador no Brasil do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). "'Os Trapalhões', do jeito que eram, não seriam aceitos agora por causa do politicamente correto", diz Paulo Bonfá, idealizador do festival. Antonio Tabet, do site Kibe Loco, concorda em parte. "A patrulha pode ser exagerada, mas não é gratuita. Se houvesse bom senso, nada disso teria acontecido." "Não me importo com essas coisas. Se não deram risada, aí, sim, ficarei preocupado", diz Danilo Gentili, do "Agora É Tarde" (Band). Na semana passada, ele participou do "Proibidão", show no qual o público assina um termo para evitar processos por causa das piadas. Na ocasião, a polícia foi chamada após um músico negro se sentir ofendido ao ser comparado a um macaco. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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