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Cantor Arnaldo Baptista deixa a música de lado e abre exposição

Galeria Emma Thomas recebe cem obras do artista, que cita Salvador Dalí como influência

Músico interrompeu gravações de disco para se dedicar às artes plásticas; mostra começa hoje, em SP

DE SÃO PAULO

No mundo de Arnaldo Baptista, uma mulher pode ter pés feitos de serras elétricas e conviver com um disco voador revestido de purpurina.

Também há espaço para relógios com tentáculos, outra mulher presa entre dentes de uma boca gigante e um Cupido que aponta sua flecha para um pássaro verde no céu.

Sua obra se enquadra com certa facilidade no que se entende por arte naïf ou popular, dos artistas sem treinamento ou mesmo loucos.

"Sou excêntrico na música, gosto de amplificadores valvulados. Por isso, quase nunca posso fazer o que quero", diz ele. "Na pintura, encontrei reverberação. Quando estou de frente para a tela, sou tão poderoso quanto Salvador Dalí ou o meu vizinho. Somos todos iguais nessa hora."

Baptista mistura referências numa técnica improvisada. Nisso, vale usar nanquim, giz de cera, lápis de cor, guache e até folhas de palmeira e tufos de pelo de um coelho.

Mas não se trata de um Bispo do Rosário redivivo. Baptista retrabalha noções psicodélicas, o surrealismo de Dalí e farpas e fragmentos da literatura beat, que parecem povoar os 80 desenhos e 20 pinturas da mostra aberta hoje na Emma Thomas.

"Na pintura, encontro minha origem rupestre e a misturo com o inconsciente", afirma. "Às vezes, você está voltado para o amor ou para seres extraterrestres, ou para a energia cósmica. Na tela, faço um bordado disso tudo. E muito do que eu sou e está escondido dentro de mim sai."

Frases que parecem regurgitadas de algum livro lisérgico surgem aqui e ali, como "não acredito em reencarnação, em fogão elétrico". Ou mesmo a estimativa da medida do inconsciente: 6,57 m.

O músico, que estava em processo de criação de um álbum, deixou as sessões de estúdio para se dedicar exclusivamente às exposições. E planeja levar sua obra para fora do país.

"Fico perdido entre as gravações musicais e as artes plásticas. Mas já tenho mais de cem músicas lançadas, é bastante. E essa ainda é minha primeira exposição individual", conta. "Preciso descobrir até onde posso chegar com a pintura. A outros planetas? Quem sabe aonde ainda posso chegar?" (MARCUS PRETO E SILAS MARTÍ)

LENTES MAGNÉTICAS
QUANDO ter. a sex., 11h às 19h, sáb., 11h às 17h; até 20/4
ONDE Emma Thomas (r. Barra Funda, 216, tel. 0/xx/11/3666-6489)
QUANTO grátis

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