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Documentário dos EUA mostra rotina em palafitas de Salvador "Da Maré", atração do É Tudo Verdade hoje, registra revitalização morosa de área pobre MATHEUS MAGENTADE SÃO PAULO Apaixonada por capoeira, a norte-americana Annie Eastman viu numa oportunidade de trabalho voluntário a chance de deixar Denver (EUA) e morar na Bahia. Entre 1999 e 2002, ela acabou vivendo em uma palafita (casas de madeira construídas em cima de áreas alagadas) na periferia de Salvador, onde ensinou inglês e aprendeu a falar português. Dois anos depois, já de volta aos EUA, soube por antigos vizinhos que o governo baiano (com dinheiro do Banco Mundial) daria casas populares a moradores e faria uma revitalização ambiental. Foi quando Eastman teve a ideia de filmar "Da Maré" (2012), documentário exibido agora no festival É Tudo Verdade. A ideia, no entanto, acabou esbarrando na burocracia e na morosidade estatais. "Imaginava que o filme seria concluído em dois anos por causa do prazo que eles deram no início. Mas as filmagens duraram seis anos", disse à Folha, por telefone. O filme retrata a espera pela concretização do projeto a partir da rotina de três mães solteiras e de Norato, eletricista que conserta geladeiras avariadas pelo salitre e serve de narrador. Apesar do foco nos moradores, o documentário é também um retrato da relação entre população e Estado, com inúmeras reuniões e explicações governamentais sobre a lentidão do projeto. O longa foi realizado graças a doações feitas pela internet. As filmagens foram realizadas em viagens semestrais. Parte delas aconteceu na carona dos deslocamentos que Eastman fez como tradutora e produtora de "Mataram Irmã Dorothy", de Daniel Jung, sobre a missionária americana assassinada no Pará. Ela participou também de "Salvando a Face", documentário em curta-metragem sobre paquistanesas com rostos queimados que recebeu o Oscar neste ano.
DA MARÉ |
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