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Festa e literatura são a receita de editor

Responsável por manter prestígio da 'Paris Review', Lorin Stein evoca charme e 'savoir-faire' de mítico fundador

Embora com as mesmas bases de 1953, revista tem versão digital para iPad e 200 mil seguidores no Twitter

DE SÃO PAULO

Não deve ser fácil suceder a George Plimpton, o lendário cofundador da "Paris Review" e editor da revista por 50 anos, de 1953 até sua morte, em 2003.

Lorin Stein, 38, sabe disso. "Era o homem mais charmoso que eu ou qualquer pessoa jamais conheceu", afirma, em entrevista, o atual comandante da publicação.

Stein é somente o terceiro na função em 59 anos. Da morte de Plimpton até 2010, quando ele assumiu, o posto foi ocupado pelo jornalista Philip Gourevitch.

Vindo de uma passagem exitosa como editor na Farrar, Straus and Giroux, onde cuidou de autores como Jonathan Franzen (que, depois, enfim falaria à "PR", já sob a gestão do amigo), Jeffrey Eugenides e Roberto Bolaño, Stein é apontado pelo mercado editorial nova-iorquino como o nome certo para manter (alguns diriam recuperar) o prestígio da revista.

Parte da aposta se deve ao perfil hedonista do novo editor: bom de copo, fumante, "cool", boa pinta, elegante e definido em reportagem recente do "New York Times" como o "novo festeiro da 'Paris Review'".

Sim, pois, muito graças a Plimpton, editar a trimestral "PR" traz consigo um indissociável papel social.

FESTAS

"George estabeleceu um padrão muito alto como anfitrião. Suas festas (e elas eram muitas) incluíam todo mundo, de Norman Mailer e Mario Puzo a Jackie Kennedy", lembra Stein.

"Aquelas festas conferiam uma mística à 'Review', atraindo anunciantes e jovens como eu." Segundo o editor, as festas continuam a fazer parte do estilo da revista, com uma ressalva.

"Eu diria que hoje em dia somos abundantes em escritores, críticos e artistas e relativamente escassos em cardeais."

Stein decerto não descuida da sua função primordial de revelar boa literatura.

Na entrevista, apontou os americanos John Jeremiah Sullivan e David Foster Wallace e o sul-africano Damon Galgut como nomes surgidos na "Paris Review" num passado recente que, acredita, serão lembrados no futuro.

Também contou dos desejos não realizados de entrevistas. "Por razões que só eles mesmos conhecem bem,

Elmore Leonard assim como Cormac McCarthy e John Berger continuam dizendo não."

"Isso é motivo de tristeza para mim. Também J.K. Rowling, que mais do que qualquer escritor atual mudou a forma com que nós no mundo anglo-americano pensamos a ficção, ainda se nega."

DIGITAL

Embora mantenha as bases da publicação criada em 1953, a "Paris Review" tem se adequado ao novo mundo.

Desde 2011, possui uma edição digital para plataformas móveis como iPad, cuja assinatura anual (quatro números) custa R$ 54.

No papel, a assinatura sai aos brasileiros por R$ 100, ou R$ 50 um único exemplar, já com taxas.

"Vendemos on-line todas as nossas novas assinaturas. Nossa versão on-line tem 50 mil leitores por semana. Temos cerca de 200 mil seguidores no Twitter. Somos realistas. E acreditamos na santidade da página", afirma Lorin Stein.

DIFICULDADE

Para o leitor brasileiro, a maior dificuldade continua a ser encontrar a revista física aqui -em São Paulo, as principais livrarias não a vendem.

Um belo consolo é que no site da "PR" (www.theparisreview.org) estão disponíveis, na íntegra, todas as entrevistas.

Os amantes do papel têm ainda os livros, seja nos títulos em inglês, seja na recente edição da Companhia das Letras que reúne "As Entrevista da Paris Review".

O primeiro volume saiu no ano passado (R$ 58, 464 págs.) e traz conversas com Borges, Hemingway, Faulkner, Céline, Javier Marías etc.

O segundo virá em maio, e entre os entrevistados estarão Arthur Miller, Nabokov, Elizabeth Bishop, John Cheever, Salman Rushdie e Martin Amis.

(FABIO VICTOR)

FOLHA.com
Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1069420

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