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Pianista pop Fenômeno da música erudita atual, o chinês Lang Lang faz apresentação em SP em maio
DE SÃO PAULO Em maio do ano passado, a Folha fazia uma visita turística ao Teatro alla Scala, de Milão, quando ouviu o som alucinante de um piano. Das galerias mais altas, era impossível identificar os músicos que ensaiavam lá embaixo. Foi preciso a ajuda de um funcionário do local. "O da direita, o chinês, é Lang Lang, o pianista mais famoso do mundo", explicou. "O outro [ele consultou um papel] é um tal de Herbie Hancock..." Transformar o famoso e veterano pianista americano Hancock, 71, em um reles "tal" é apenas uma das proezas de Lang Lang. Aos 29 anos, ele é um raro fenômeno pop no mundo da música erudita. Foi a estrela da abertura das Olimpíadas de Pequim, tocou num encontro entre o presidente chinês, Hu Jintao, e o americano Barack Obama e virou uma das cem personalidades mais influentes do mundo em 2009, segundo a "Time". Em maio, ele faz duas apresentações na Sala São Paulo, dentro da programação da Sociedade de Cultura Artística. No repertório, Bach, Schubert e Chopin. Liszt ficou de fora, apesar da importância que tem em sua formação. Foi ouvindo a "Rapsódia Húngara nº2", num desenho de "Tom e Jerry", que o garoto Lang, aos três anos, começou a se interessar pelo instrumento. "Fiquei impressionado quando vi Tom tocar a música com dedos tão rápidos e flexíveis", diz em entrevista à Folha por e-mail. Aos três anos, Lang começou a tocar. Aos cinco, fez seu primeiro concerto. E, aos nove, como se esperaria em uma carreira tão precoce, passou pela primeira crise artística. Havia se mudado, com o pai, da cidade de Shenyang a Pequim para investir na educação musical. Até que uma professora decretou que não levava jeito para a coisa. O pai, que não esperava menos do que a perfeição, ofereceu um frasco de remédios para o minipianista e disse que ele deveria se matar. Quando o menino fugiu para a varanda, o pai sugeriu: "Então, pule e morra". Felizmente, Lang não pulou nem tomou nenhum remédio e até diz não guardar mágoa. "Ser rígido não significa não ter carinho. Entendo que era só o reflexo de um ambiente extremo", diz sobre a China de então. Depois de anos em Pequim, Lang foi estudar nos Estados Unidos, um lugar, na visão do pai, muito "relaxado". "Na China, eu treinava muito técnica. Nos EUA, o professor enfatizava os estilos e a individualidade." Se Lang garante não ter traumas de infância, decidiu ao menos tomar providências para facilitar a vida dos pequenos artistas chineses. Criou uma escola de música e uma fundação para incentivar a nova geração, e o fenômeno do crescimento no número de estudantes de piano inspirados no seu exemplo vem sendo chamado de "efeito Lang Lang". O chinês de mullets e franjinha espetada, no entanto, não é unanimidade. Seus críticos dizem que faz o tipo exibido. Ele nem liga. Lang atribui tanto sucesso à dedicação e também ao destino. Seu nome significa "homem brilhante". Um Lang quer dizer homem, e o outro, brilhante, uma espécie de bênção ou premonição familiar. "Sou muito feliz por minha família ter escolhido um nome da sorte para mim." Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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