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Rodrigo Campos reinventa a Bahia em CD Personagens de "Bahia Fantástica" foram imaginados pelo compositor em seis meses de retiro em Salvador Álbum tem produção coletiva e participações de nomes como Criolo, Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Romulo Fróes MARCUS PRETODE SÃO PAULO Em 2009, Rodrigo Campos, 35, estreou com "São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe", um dos melhores álbuns daquele ano, em que se mostrava um cronista singular da periferia de São Paulo. As músicas contavam histórias cotidianas, desenhando personagens complexos para além do estereótipo "mundo cão" de violência, de malandragem e de crime. Esses conflitos ficavam nas entrelinhas enquanto a narrativa principal tratava de figuras humanas: Lúcia, que "vai lecionar na Vila Prudente buscando presente pra aliviar sua dor"; Neném, motorista da "lotação mágica que quase flutua no asfalto da av. Aricanduva"; Isac, que "não sabe se a dor que tem é sua ou de outro alguém". "Bahia Fantástica", o novo álbum de Rodrigo, parte dos mesmos preceitos. Os personagens são, outra vez, o fio condutor. E também transitam em cenário determinado -a Bahia que o autor mal conhece, mas onde passou seis meses compondo depois de uma separação amorosa, "o período que fiquei mais só na minha vida". "Quando fiz as primeiras canções [do CD], senti que da conjunção de São Mateus com essa Bahia surgiu um elemento fantástico", diz. "Bahia entra no disco para descrever uma sensação de incompreensão, um questionamento de vida e de morte." A melancolia, portanto, é onipresente. Mas as histórias ficaram curtas, quase haicais. "Ana vai morrer em dez minutos/ Sobra pra contar tempo de Ana/ Ana vai morrer, não tem problema/ Todo fim de tarde Ana morre", é a letra inteira de "Aninha". Rodrigo vem do universo do samba. E essa origem, tão clara em "São Mateus...", se dissipa um bocado agora. O novo trabalho reflete sua experiência no Passo Torto, coletivo em que contracenava com Romulo Fróes, Kiko Dinucci e Marcelo Cabral e que gerou um álbum em 2011. Os três músicos -mais Criolo, Luisa Maita, Thiago França, Juçara Marçal, Guilherme Heldo e outros ótimos nomes da cena paulistana- estão em "Bahia Fantástica". Os violões, então, dividem espaço com guitarras e sopros psicodélicos, com influências de jazz, pop e rock. "Essa ruptura foi um processo natural de acumular referências, conhecer pessoas", diz. "Quando trombei com essa turma, houve uma alquimia. Influenciei todos eles e também fui influenciado." A produção do disco ganhou, então, assinatura coletiva. Por isso, segundo Rodrigo, seu disco forma uma espécie de trilogia com outros dois trabalhos recentes: o já citado "Passo Torto" e "Um Labirinto em Cada Pé" (2011), de Romulo Fróes. "Pela falta de recursos, os amigos entram para tocar. Acaba dando nisso aí." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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