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Crítica Drama

Filho de cineastas, francês Mathieu Demy faz estreia agradável

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É um estranho filme este "Americano", de Mathieu Demy. Filme de ator, filme de autor, filme de filho? Um pouco disso tudo, já que quem estreia na direção é, habitualmente, um ator. E também é filho de Agnès Varda e Jacques Demy, dois importantes cineastas, dos quais incorpora elementos de delicadeza, bom gosto e a atração pelos caminhos mal traçados.

No caso, Martin (Demy) é um jovem francês que vai a Los Angeles buscar os restos mortais da mãe, pela qual nutria sentimentos ambíguos.

A ausência de recordações é a marca principal de seu retorno. Tudo lhe parece estranho, a começar por Linda (Geraldine Chaplin), que procura todo o tempo vender-se como amiga exemplar da mãe.

Entre as poucas lembranças da infância, porém, a única que de fato o toca é a de Lola, a menina mexicana com quem costumava brincar.

Martin descobre que ela foi expulsa dos EUA e vive em Tijuana, no México. É ali que ele a encontrará, agora talvez uma prostituta. Ou talvez não: será aquela que diz ser Lola (Salma Hayek) sua amiga de infância?

Essa deriva trará elementos que podem levá-lo a reconsiderar os sentimentos em relação à mãe. Ao longo dela há momentos fortes e outros bem menos. O final é um tanto "de cinema": arranja as coisas meio artificialmente.

O que sobressai na estreia de Mathieu Demy é sua dificuldade de ser filho de dois cineastas célebres.

Ele assume o fato abertamente: rouba do pai o nome da heroína ("Lola" é um filme de Jacques Demy) e propõe seu filme como uma espécie de retomada de "Documenteur" (Agnès Varda, 1981), no qual Mathieu fazia o papel de Martin, o filho de uma francesa abandonada pelo amante nos EUA.

Se tantas referências sugerem uma boa psicanálise em forma de filme, nem por isso "Americano" deixa de ser agradável, ao qual falta, porém, a inventividade que seus pais sempre esbanjaram.

AMERICANO

DIREÇÃO Mathieu Demy
PRODUÇÃO França, 2011
COM Salma Hayek e Geraldine Chaplin
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

Leia entrevista com o diretor Mathieu Demy
folha.com/no1078326

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