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Prefeito de Paulínia põe cinema em 2º plano

José Pavan Júnior (PSB), que suspendeu edição de festival com filmes inéditos, diz que priorizará programas sociais

Segundo ele, evasão alta levou escola a ser trocada por workshops; para Ewald Filho, atitude foi 'tiro nos pés'

MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A PAULÍNIA (SP)
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

Habitação, saúde, educação, emprego e segurança. Para o prefeito de Paulínia (SP), José Pavan Júnior (PSB), essas áreas deveriam ter recebido grande parte dos R$ 490 milhões gastos desde os anos 1990 no desenvolvimento do polo de cinema local.

No último dia 13, ele despertou a ira do setor cultural ao suspender o festival de cinema de Paulínia neste ano, um dos principais do país.

A justificativa: os R$ 10 milhões que seriam gastos foram transferidos para programas sociais prioritários.

"Foi uma decisão difícil, mas vou entregar duas escolas de 900 alunos cada uma, vamos zerar o déficit de creches. Há 20 mil pessoas que dependem da prefeitura."

A declaração foi feita em entrevista à Folha, na última quinta. Segundo ele, os cortes no orçamento municipal deste ano chegarão a quase R$ 120 milhões (30% do disponível para investimento).

Ele atribui o contingenciamento à crise econômica internacional, que atingiu o polo petroquímico de Paulínia (principal fonte de arrecadação de impostos da cidade, de onde saía a verba para patrocinar o festival e editais de produção de filmes).

Um dos criadores do polo e do festival, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho disse que a atitude do prefeito foi "um tiro nos dois pés".

"Se fosse futebol ou rodeio, com certeza o festival seria retomado no ano que vem. Mas, como é cinema, está bem ameaçado. E é um golpe na credibilidade do polo como um todo", afirmou.

Apesar de o prefeito dizer que manterá os investimentos no polo, a Folha revelou na última quinta que a estrutura já se mostra abandonada: cursos foram cancelados, não há editais de fomento a filmes desde 2010 e um dos estúdios é usado hoje como depósito de materiais.

Segundo o prefeito, faltam parceiros da iniciativa privada para fazer funcionar o estúdio de animação.

Ele também diz que os cursos da escola de cinema de Paulínia, atualmente fechada, foram substituídos por workshops de curta duração porque a evasão era alta e o custo médio de um aluno (R$ 8.500) hoje banca 14.

"A formação não fica prejudicada. Os estudantes acabam completando o aprendizado no trabalho, que é onde se realmente aprende."

Os alunos, no entanto, dependem da produção de filmes na cidade para ganharem experiência em cinema.

Sem os editais de fomento, que exigem gastos na região (como a contratação de moradores), faltam vagas para os novos profissionais.

É o caso de Vânia Feitosa, 31, que se formou em 2007 em iluminação. Sem oportunidades em Paulínia, que atualmente conta com três filmes em pré-produção, ela deixou a cidade e montou uma produtora na vizinha Campinas.

"Eles [os criadores do polo] achavam que haveria várias produções para empregar o pessoal dos cursos, mas não foi isso que ocorreu."

Pavan Júnior diz que lançará um edital de R$ 8 milhões em junho (em 2010, dez filmes receberam R$ 10,2 milhões, ao todo).

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