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Crítica / Música erudita

Orquestra Nacional Russa faz concerto correto em São Paulo

Com Nelson Freire ao piano e regência de José Serebrier, apresentação surpreende com peças fora do programa

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

A história do concerto que abriu a temporada de cem anos da Sociedade de Cultura Artística, anteontem, talvez possa ser contada de trás para a frente.

Quando, inteiramente solta sob a direção do uruguaio José Serebrier, a Orquestra Nacional Russa atacou -como segundo bis- a "Dança Eslava op. 46 n°2", de Dvorák (1841-1904), a Sala São Paulo já estava bastante vazia.

Uma pena: foi o ponto alto da noite, além de recordar o concerto de abertura de 2011, que apresentou essa mesma dança com a Orquestra do Festival de Budapeste.

O primeiro bis -"Oblivion", de Piazzolla, com magnífico solo de oboé- já havia energizado aqueles que apostaram na música para além do programa escrito.

Ouvir ao vivo essas cordas vindas do leste é sempre desconcertante. São maleáveis e mudam radicalmente de timbre. Há um som áspero que só eles tiram e também uma doçura encorpada.

Se houvesse prêmio para a melhor atuação da noite, provavelmente o naipe de violoncelos sairia vencedor.

Tudo isso já estava presente, claro, na "Sinfonia n° 8" de Dvorák, obra que ocupou a segunda parte do concerto. Mas, infelizmente, muita gente havia ido embora durante o intervalo, logo após a performance de Nelson Freire.

Era ele o motivo da festa. Deu só um bis (a melodia do "Orfeu", de Gluck), o que é pouco hoje em dia. Quando entrou para tocar o "Concerto n° 20" de Mozart (1756-1791) -a obra anunciada-, a Sala São Paulo estava lotada.

A qualidade do toque, os matizes e a ousadia estavam lá, mas faltou entrosamento com a orquestra, principalmente nos movimentos rápidos. À vontade mesmo ele esteve apenas no segundo movimento e no bis.

Há muitas maneiras de contar a história de um concerto. Este, que começou com uma ótima abertura,

"Egmont", de Beethoven (1770-1827), não se explica sem as músicas que não estavam no programa.

ORQUESTRA NACIONAL RUSSA
AVALIAÇÃO bom

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