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'Nunca imaginava ir a Cannes', afirma 'veterana' do evento

Aos 30, Juliana Rojas desenvolve em Paris, com Marco Dutra, novo roteiro, em residência apoiada pelo festival

Primeiro longa da dupla, 'Trabalhar Cansa' concorreu na mostra Um Certo Olhar na edição de 2011

Divulgação
A diretora Juliana Rojas
A diretora Juliana Rojas

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A OLINDA

Há cineastas que passaram a vida inteira tentando um lugar em Cannes. Outros morreram sem ter a honra de ter um filme no festival.

Mas a brasileira Juliana Rojas, aos 23 anos, já caminhava pela Croisette. Agora, aos 30, pela quarta vez apresenta um filme no festival.

"Nunca tinha imaginado participar de Cannes", conta a diretora, indicada pela primeira vez em 2005 pelo curta "O Lençol Branco", codirigido por Marco Dutra, seu parceiro profissional desde os tempos das aulas de cinema na USP.

"Chegamos ao escritório da Cinéfondation [fundação criada para apoiar novos cineastas] e o diretor Eduardo Valente nos convidou para uma comemoração do filme 'Cinema, Aspirinas e Urubus'. Ficamos na varanda do apartamento e começou a chuviscar. Lembro da imagem das pessoas na calçada e vários guarda-chuvas se abrindo."

Dois anos depois, eles voltaram à mostra paralela da Semana da Crítica com o curta "Um Ramo", que levou o prêmio Descoberta.

"Tivemos um contato maior com público dessa vez. E o prêmio de melhor curta foi importante para viabilizar nosso primeiro longa."

"Trabalhar Cansa", o longa de Rojas e Dutra, foi selecionado para a mostra oficial Um Certo Olhar. "Foi a experiência mais intensa. A imprensa comparece em massa, nossa agenda era puxada."

Em seguida, Juliana fez dois curtas solo, "Dormir Tranquilo" (2011) e "O Duplo", este último selecionado para a Semana da Crítica da edição deste ano.

"Acho importante filmar com frequência. 'Trabalhar Cansa' levou três anos para ser viabilizado."

Rojas prepara agora seu segundo longa, "As Boas Maneiras", novamente com Dutra. Ela está hoje em Paris, dentro do programa de residência de, adivinhe, Cannes.

"É um programa de convivência em que você mora com cinco diretores e fica no país encontrando produtores e diretores franceses. Mas isso não garante que o filme estará em Cannes", diz ela, que volta ao Brasil em agosto.

"Claro que vou inscrevê-lo, mas há outros festivais importantes no mundo."

O mais intrigante em Rojas é que todos seus projetos flertam com o horror, um gênero subaproveitado no Brasil.

"Sempre gostei de filmes de terror, via muito 'trash' e nem sabia quem eram os diretores e atores", revela ela, que gosta do trabalho de M. Night Shyamalan, George Romero e Alfred Hitchcock.

"Amo e respeito muito o cinema fantástico e de horror, mas sempre sou muito resistente a associar meus filmes a esses gêneros, porque sei que isso cria uma expectativa sobre o que vai ser visto."

Se a lógica predominar, "As Boas Maneiras", história de uma babá da periferia que precisa cuidar de um bebê após uma série de acontecimentos, pode render a quinta indicação para Cannes.

Ironicamente, a produção engatinha lentamente no Brasil e não tem data para o início das filmagens. "Do ponto de vista do marketing, não deve ser interessante investir em meus filmes. Eles não têm pessoas famosas e não sou conhecida." Vamos ver por quanto tempo.

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