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Coleção traça itinerários irônicos da morte com Enrique Vila-Matas

Em "Suicídios Exemplares", espanhol reflete sobre a existência

DE SÃO PAULO

Uma dona de casa desiludida com sua rotina é visitada constantemente pelo misterioso príncipe soberano de um certo país dos suicidas.

Um homem bem-sucedido simplesmente não consegue se desvencilhar das revelações que perdeu na infância, ao não compreender o que uma andarilha lhe disse ao pé do ouvido certa vez (seria esse o mistério que sempre buscou e que a vida nunca conseguiu lhe responder?).

O cenário é fatalista, mas não estranhe o leitor que se chame "Suicídios Exemplares" o sexto dos 25 livros da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo.

É por meio de homens e mulheres enfadados com suas próprias existências que o escritor espanhol Enrique Vila-Matas constrói exemplos de como abraçar a vida.

Em busca de uma saída para decepções e ausências, os personagens tentam antecipar o fim de suas histórias, mas o destino parece descordar de qualquer saída rápida. A alegoria do suicídio acaba, paradoxalmente, por afastar a tentação da morte.

Ao contar histórias de vidas destruídas pela desilusão, o autor transita pelas incoerências dos sentimentos mais íntimos de seus personagens, suicidas líricos que nunca logram se matar.

Seus "suicidas fracassados" (e por isso vitoriosos) dividem, na verdade, com o leitor os medos e fantasias que não conseguem partilhar com a realidade que os envolve.

A um só tempo autoreferente e "ideólogo do fiasco", Vila-Matas trabalha como um apologista da vida malograda: sujeitos que desejam desaparecer, seus personagens só retomam o controle de suas vidas ao tentarem tirá-las.

Como um espião da realidade que o cerca, o autor remonta suas desilusões pessoais para compreender a natureza humana, construindo enredos que também a crítica consideraria exemplares.

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