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Guia groupie

As histórias e as aventuras de jovens que não medem esforços para encontrar os seus ídolos

CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

J.Lo, Franz Ferdinand, Madonna, Kelly Clarkson e Atari Teenage Riot estão no time dos shows que vêm ao país nos próximos meses. Cher e Lady Gaga, estão no grupo dos boatos a se confirmar.

2012 trará ao Brasil música para todos os gostos, mas para um só bolso: aquele sem fundo, já que os ingressos começam em uma centena de reais e vão até R$ 850, no caso de Madonna.

Só que dinheiro não é tudo na hora de ver seu ídolo, ensinam groupies, fãs em tempo integral. Em vez da grana do ingresso, elas pagam outro preço: passar aperto e vergonha e perrenguear o quanto for necessário para tirar uma casquinha do seu ídolo.

A estudante de cinema Natália Antiqueira, 19, está de prova. Ela não se contentou em ver os Artic Monkeys no Lollapalooza, que aconteceu em abril. Chegou em casa e, em vez de postar as fotos do show no Facebook, botou o lado Sherlock Holmes para trabalhar. "Procurei no Google o hotel em que eles estavam hospedados." Encontrou, convenceu a colega Mariana Khuri, 21, a pegar um táxi rumo ao bairro do Morumbi, arriscando dar com a cara na porta.

O que de fato aconteceu. "Não deixaram a gente entrar no hotel, óbvio", conta Khuri. Mas uma groupie não desiste no primeiro "não". Elas deram um tempo na rua e, como quem nada quer, engataram uma conversa com uns gringos que chegaram.

"No fim, eles estavam com o Skrillex e nos colocaram para dentro do hotel, porque mais tarde eles iam fazer uma festinha", conta Natália.

Uma vez dentro do prédio, elas correram para o bar. E quem encontram lá, quietões, olhando para uma cerveja? Dois dos "macacos do ártico": o vocalista Alex Turner e o baterista Matt Helders. Chegaram junto deles e fingiram que não estavam impressionadas. Mas o nervosismo logo transpareceu.

"Falei que sempre gostei muito da banda, que minha irmãzinha pequena também adorava eles", diz Natália. A resposta foi um sorriso dos ídolos e o convite para passar umas "happy hours" juntos. Foram embora às quatro e meia da manhã, felizes.

"CONHECENDO" O ÍDOLO

"Não há sensação melhor do que estar pessoalmente com a voz que faz você pirar no som", garante Pamela des Barres, com conhecimento de causa. Durante seus cinquenta e poucos anos de vida (ela esconde a idade), a australiana conheceu os roqueiros Frank Zappa, Jim Morrison e Mick Jagger. Todos no sentido bíblico do termo.

"Mas ser groupie não é ter envolvimento amoroso com o ídolo. É só fazer de tudo para acabar com a distância entre fã e ídolo, tipo uma caça ao tesouro."

Discrição também é a regra de ouro da groupie número um da história. Seu pseudônimo é Pennie Lane, inspirado na canção "Penny Lane", dos Beatles, e até hoje não se sabe seu nome verdadeiro.

Tampouco se sabe com que astros Pennie se envolveu. O filme "Quase Famosos", baseado na sua história, dá dicas. Hoje ela é produtora cultural e planeja abrir uma casa de repouso onde roqueiros velhos e suas groupies possam viver em harmonia.

Só não dá quando o cantor acaba não vindo, como Björk, que cancelou seu show no festival Sónar. "É uma pena!", lamuria o groupie homem (eles também existem!) Helder Camaro, 19. "Porque já sabia exatamente onde esperá-la: na banca do Mercado Municipal que vende cabeça de porco e rabo de jacaré, que ela ia comprar e usar para fazer uma roupa."

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