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Opinião

Rogério Sganzerla teve carreira sabotada por Glauber Rocha

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Depois de dois filmes com grande sucesso de público, que afirmaram um talento incomum, Rogério Sganzerla teve a carreira internacional abortada em grande parte devido à ação de Glauber Rocha, pouco dado a aceitar o êxito de quem não tivesse ideias próximas às suas.

Glauber teria usado seu prestígio para difundir na Europa que Sganzerla seria nada menos que um agente secreto da CIA. Se não foi Glauber a espalhar a notícia, é certo que ela se espalhou.

Logo após o sucesso que alcançaram "O Bandido da Luz Vermelha" (1968) e "A Mulher de Todos" (1969), Sganzerla começa com "Carnaval na Lama" a associação com Júlio Bressane, na Belair, cujos filmes não chegavam a circular comercialmente.

Sganzerla muda-se para o Rio de Janeiro e vive a fase que alguém, desdenhosamente, chamou de "udigrudi". Verdade seja dita, era Glauber Rocha de novo.

A série é interrompida pela quase fuga e o exílio em Londres, quando tanto ele quanto Bressane se viam ameaçados de prisão.

O retorno ao cinema se deu em 1977, com "O Abismu", a primeira produção do cineasta patrocinada pela Embrafilme. O fracasso comercial produz um novo período de silêncio, cortado apenas por curtas-metragens.

Só em 1986 aparecerá um novo longa: "Nem Tudo É Verdade", sobre a visita de Orson Welles ao Brasil.

Com o documentário "Tudo É Brasil" (1997) e a ficção "O Signo do Caos" (2003), Sganzerla encerra a carreira em notas altas, mas sem sucesso de público. O cineasta morre em 2004, aos 57 anos, em São Paulo, convencido de que, num país em que nem Orson Welles conseguiu filmar, a aventura do cinema estava fadada ao fracasso.

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