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Crítica contos Edição é a mais bela e completa já publicada no Brasil sobre o pai da literatura moderna RONALDO BRESSANECOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Nunca é demais lembrar de Edgar Allan Poe como o pai da literatura moderna. Além de aplicar-se na poesia com rigor e horror, o norte-americano de Boston formatou três gêneros: o policial (ou de mistério), a ficção-científica e o terror, passando ainda pela narrativa de aventura, a psicológica e a comédia negra. Transitando quase sempre pelo realismo fantástico. Poe é um dos grandes autores de contos de todos os tempos. "Texto escrito para ler em no máximo uma hora", simplificava o autor. E nunca houve em português edição tão caprichada quanto esta, da jovem editora Tordesilhas. Sina de toda antologia, estes "Contos de Imaginação e Mistério" tiveram vários títulos e formatos até se cristalizarem em "Histórias Extraordinárias" -influência do título francês da versão de Charles Baudelaire, cujo ensaio é reproduzido na edição da Tordesilhas. Em 1840, o próprio Poe havia reunido suas histórias, dispersas por várias revistas literárias para pagar as notórias carraspanas, sob o título "Tales of Grotesque and Arabesque", com 26 contos em dois volumes. HARRY CLARKE No Brasil, o escritor passou por muitos tradutores, de Machado de Assis a Clarice Lispector (que "adaptou" horrivelmente sua linguagem ao público juvenil), de Brenno Silveira a José Paulo Paes. Trazendo 22 contos, a presente edição, com a elegante e fiel tradução de Cássio de Arantes Leite, traz quatro histórias a mais que a edição da Companhia das Letras organizada por Paes -fazendo desta a versão mais completa de Poe em português. E certamente a edição mais bonita, pois baseia-se na publicação britânica de 1919, ilustrada pelo vitrinista irlandês Harry Clarke. Influenciado pelo simbolismo francês e pela arte bizantina -e inspirador da arte psicodélica dos anos 60, Clarke ilustrou ainda edições de Yeats e Andersen. Seus desenhos são mais que legendas gráficas: introduzem o leitor em um universo visual sofisticadíssimo, mais sugerindo que afirmando a estranheza dos contos. Mesmo procedimento de Poe, como indica o famoso início da narrativa que deu origem a todas as histórias modernas que giram sobre o tema do duplo: "Que me seja permitido, no momento, apresentar-me como William Wilson. A página imaculada ora diante de mim não necessita ser manchada com meu verdadeiro nome".
CONTOS DE IMAGINAÇÃO E MISTÉRIO |
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