Crítica / Rock

Arquivo revela melhor fase dos Rolling Stones

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	Charlie Watts, Keith Richards, Mick Jagger e Ron Wood, em foto do livro "50 Anos de Rock"

No fim do ano passado, os Stones anunciaram que lançariam, em comemoração a seus 50 anos, uma série de "bootlegs" remasterizadas.

Parte dessas gravações ao vivo não oficiais circulava com qualidade precária havia anos entre fãs dedicados.

"The Brussels Affair" (Bélgica, 1973), "L.A. Friday" (Califórnia, 1975) e "Hampton Coliseum" (Virgínia), os liberados até agora (não se sabe quantos serão até o fim do ano), deram novo sentido aos objetos de culto.

Remasterizadas por Bob Clearmountain, que trabalhou em outros quatro discos da banda, as gravações se agigantaram em qualidade.

Os registros do período mais rico da história do grupo, entre discos como "Exile on Main Street", "Some Girls" e "Tattoo You", servem, agora, para reavivar o óbvio: trata-se da maior banda de rock de todos os tempos.

Bastaria o vigor das performances para comprová-lo.

Mas há o repertório se moldando aos trabalhos recém-lançados, as influências em permanente mutação e, nos detalhes -por exemplo, como "Happy" deixa de ser cantada em dueto por Mick Jagger e Keith Richards ao longo de dez anos-, o desgaste da relação entre seus "frontmen".

Dos três discos, ótimos, "L.A. Friday" é o musicalmente mais rico. Marca a entrada de Ron Wood na banda e traz a participação luxuosa de Billy Preston nos teclados.

O resultado é um setlist revirado, em que standards como "Gimme Shelter", "Brown Sugar" e "It's Only Rock'n Roll (But I Like It)" ganharam versões permeadas de soul music e R&B -mão de Preston, certamente.

Uma obra fascinante se ergue da soma das novas gravações aos demais discos da banda e aos bastidores dos relatos biográficos.

Vide "Hampton Coliseum", exibido pioneiramente ao vivo em cinemas dos EUA.

Durante a execução de "Satisfaction (I Can't Get No)", um fã subiu ao palco para abraçar a banda. Saiu de lá escorraçado por Richards, que usou a própria guitarra para bater no rapaz (veja aqui: youtu.be/dv1bM0pp_o4). Naquele dia, o guitarrista completava 38 anos.

O estádio veio abaixo, incendiado que já estava pela melhor canção do grupo em uma versão matadora e Mick Jagger inspirado nos trejeitos. Parece que foi ontem.