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Premiado diretor alemão fala em SP sobre teatro

Thomas Ostermeier debate rumos das artes cênicas no Congresso Cult de Jornalismo

Encenador, que comanda teatro em Berlim, é um dos artífices da renovação da cena germânica

MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO

Apesar de feliz e honrado, Thomas Ostermeier, diretor artístico do respeitado teatro Schaubühne, em Berlim, sentiu-se "estranho" quando recebeu, em 2011, o Leão de Ouro da Bienal Internacional de Teatro de Veneza.

"Foi uma tremenda motivação para continuar produzindo, apesar da estranheza de ganhar um prêmio pelo conjunto da minha obra quando ainda estou vivo", afirma o encenador, 43.

Enaltecido pela crítica por uma produção teatral consistente, que já conta com mais de 30 montagens, Ostermeier participa hoje de uma mesa sobre os rumos das artes cênicas, no 4º Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural, em São Paulo.

Ao lado de Antônio Araújo, diretor e um dos fundadores do Teatro da Vertigem, o alemão irá discorrer sobre procedimentos de encenação e o papel da crítica teatral contemporânea.

"O público segue as críticas teatrais com atenção. Parece-me, no entanto, que a decisão de assistir a um espetáculo é feita independentemente das opiniões dos críticos", observa. "Mas, naturalmente, é muito bom quando seu trabalho é benquisto pelo público e pela crítica."

TEMPLO DO TEATRO

Fundado em 1962, o Schaubühne foi ganhando fama graças, sobretudo, ao rol de atores e diretores que por lá passaram, como Peter Stein, Bob Wilson e Bruno Ganz (o Hitler de "A Queda!").

As peças encenadas no palco berlinense costumam ter um forte viés político e contemporâneo.

O teatro passou por uma grande renovação em 1999, quando Ostermeier assumiu a direção artística da casa, ao lado de Jens Hillje, Sasha Waltz e Jochen Sandig, também jovens diretores. O quarteto incluiu na programação espetáculos de dança e se debruçou sobre a dramaturgia contemporânea.

Teatrólogos hoje consagrados, como os ingleses Sarah Kane (1971-1999) e Mark Ravenhill ou o sueco Lars Norén, viram as estreias de alguns de seus textos no Schaubühne. As criações dos três são dotadas de um realismo agressivo e perturbador, com forte carga poética.

"A Alemanha tem uma grande cena de teatro independente. Acho isso muito atraente, pois mostra que o meio do teatro está vivo e tem futuro", afirma Ostermeier.

NOVOS PROJETOS

No momento, o diretor prepara a encenação de mais uma obra do autor norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) -já foram três no Schaubühne. Sua versão para "Um Inimigo do Povo" estreia em julho no Festival de Avignon, na França, um dos mais importantes do mundo.

E, para 2013, ele já prepara a encenação de "Os Espectros", também de Ibsen, que será montada no Théâtre Vidy-Lausanne, na Suíça.

"Também estou feliz pelo trabalho de adaptação que estou fazendo com 'Morte em Veneza', de Thomas Mann, que vou encenar no outono", afirma.

A receita para dividir o tempo entre as funções de diretor artístico de um dos principais teatros europeus e o trabalho como encenador? "É só questão de organização", diz, bem germanicamente.

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