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Greve de sexo real inspira peça em SP

Coletivo teatral atualiza a comédia grega "Lisístrata", de Aristófanes, tomando por base movimentos femininos

"A Greve das Pernas Cruzadas" utiliza como principal referência protesto de colombianas em 2011

MARCIO AQUILES
DE SÃO PAULO

O Coletivo Teatral Commune estreia amanhã "A Greve das Pernas Cruzadas", adaptação da peça "Lisístrata", do teatrólogo grego Aristófanes.

Uma das inspirações para esta versão foi a greve de sexo realizada por cerca de 300 mulheres colombianas da cidade de Barbacoas, em 2011, que reivindicavam com o governo a reforma de uma estrada estratégica.

A ousadia formal da trupe dirigida por Augusto Marin é desenvolver a encenação com base nos artifícios da "commedia dell'arte" -surgida séculos após a comédia grega- e em referências atuais.

"O procedimento de trabalho que usamos é o da 'commedia dell'arte', suporte permanente das nossas pesquisas, com seus jogos de palavras, o duplo sentido, o quiproquó, as máscaras e o improviso", afirma Marin.

Além disso, a adaptação evoca acontecimentos contemporâneos, como a crise na Grécia ou a Marcha das Vadias. "A comédia tem relação com o hoje, o atual. Buscamos a essência das gags para resgatar a comicidade e o satírico", diz Marin.

Em busca de uma identificação imediata por parte do público, Marin optou por preservar o aspecto zombeteiro dos nomes das personagens: Clitória, Xânia, Chavaska e Metência, por exemplo.

"Na tradução, procuramos resgatar o espírito dos nomes em grego. As traduções que temos são geralmente muito literárias. Na peça, o simples chamamento de alguém já atinge o efeito cômico."

VIÉS FEMININO

O enredo do espetáculo é recheado de alusões a movimentos feministas e fenômenos sociais importantes.

Como a história de Leymah Gbowee, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2011, que mobilizara mulheres da Libéria a realizarem uma greve de sexo até que os homens cessassem os combates, fato que forçou o então presidente Charles Taylor a inclui-las nas negociações de paz.

Outra referência foi a greve promovida por prostitutas espanholas, que se negaram a fazer programas com banqueiros e agiotas, em protesto à crise econômica no país.

A atriz Janaina Porto, 30, que interpreta a personagem Liberatropa -responsável por convocar atenienses e espartanas a fazer greve de sexo na trama- destaca os questionamentos que a peça pode suscitar nos espectadores por meio da comédia.

"Para desenvolver o meu papel, eu procurei o que significava a Lisístrata hoje em dia, nesta busca de mulheres que acreditam em alguma coisa, nas mulheres guerreiras", conta Porto.

A GREVE DAS PERNAS CRUZADAS

QUANDO sáb., às 23h59, e dom., às 20h30
ONDE Teatro Commune (r. da Consolação, 1.218, tel. 0/xx/11/3807-0792)
QUANTO de R$ 15 a R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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