Coleção traz os questionamentos do autor argentino Ricardo Piglia

Já em suas primeiras linhas, a história contada nos livros escolares é passada a limpo por "Respiração Artificial", romance do escritor argentino Ricardo Piglia e 13° volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas em 24/6.

A trama do livro, escrito em 1980, gira em torno dos chamados "papéis de Ossorio", conjunto de cartas antigas em que se escondem os segredos de uma poderosa família de caudilhos locais.

Sua narrativa se inicia em 1976, ano em que os militares tomam o poder no país vizinho e instauram uma ditadura que sobreviveria por sete anos, deixando um saldo estimado em 30 mil mortos ou desaparecidos.

Regidos pela figura central de Emilio Renzi, que atua como narrador da história política argentina, os personagens conversam entre si, em diferentes tempos de ação, utilizando-se para isso de documentos, cartas, jornais, literatura e filosofia.

Buscando se distanciar de oficialismos históricos, Piglia procura fazer com que diversas vidas e momentos do país se cruzem, questionando as distorções que enxerga no processo de construção das nações latino-americanas.

"Respiração Artificial" foi apontado pela crítica argentina como um dos dez mais importantes romances da literatura de seu país.

O livro recebeu o prêmio Boris Vian no ano seguinte ao seu lançamento.

ILUMINAÇÕES

Nascido em Adrogué, na província de Buenos Aires, em 1940, Piglia se tornou um importante ficcionista e crítico literário. O romancista também dá aulas na Universidade de Buenos Aires e leciona como convidado na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

Tendo o passado como um de seus protagonistas favoritos, Ricardo Piglia escreveu o roteiro original do longa "Coração Iluminado" (1996), de Hector Babenco, em que narra a história de um homem que viaja em busca de suas origens.