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Crítica Comédia

Parceria de Tim Burton com Johnny Depp ainda pulsa em novo trabalho

"Sombras da Noite", fábula sobre um vampiro do século 18 transportado para os anos 1970, traz piadas memoráveis

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

O RESULTADO É UMA COMÉDIA AFETUOSAMENTE NOSTÁLGICA, MAIS LIGEIRA E MENOS EXISTENCIALISTA DO QUE A MÉDIA DA DUPLA

O prólogo de "Sombras da Noite" desperta uma inevitável sensação de déjà-vu.

Mais uma vez temos Johnny Depp dirigido por Tim Burton em uma fábula gótica, desta vez sobre um milionário do século 18 que quebra o coração de uma bruxa, é transformado em vampiro e enterrado vivo.

Trata-se da adaptação da série de TV americana "Dark Shadows", exibida entre 1966 e 1971. Só que lembra demais "Sweeney Todd" (2007), "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" (1999) ou "Edward Mãos de Tesoura" (1990).

Porém, antes que se decrete o desgaste da parceria Depp-Burton (e antes também que certo tédio se instale), há uma virada -tanto na trama do filme quanto no interesse que ele desperta.

O vampiro Barnabas Collins (Depp) é libertado de seu caixão no ano de 1972 e encontra os descendentes de sua família em franca decadência moral e econômica.

Ele ainda revê a bruxa que o amaldiçoou (Eva Green) e conhece uma jovem que lembra sua paixão do passado (Bella Heathcote).

A partir daí, "Sombras da Noite" se reanima com seu protagonista. Na série original, o humor vinha do choque entre os hábitos do vampiro do século 18 e de seus parentes do século 20.

No filme, a comédia ganha mais uma camada: ri-se dos costumes dos anos 1970, a partir do olhar do presente.

Desse duplo estranhamento temporal, Burton extrai um punhado de piadas memoráveis. Como o momento em que Barnabas confunde o "M" de McDonald's com o sinal de Mefistófeles.

Ou quando o vampiro impressiona um grupo de hippies recitando a frase "amar é jamais ter que pedir perdão", de "Love Story" (1970). Há, ainda, citações ao filme "Super Fly" (1972).

Fãs da série original, Depp e Burton se divertem -e, com eles, o público- brincando com o que havia de mais icônico em suas infâncias. O resultado é uma comédia afetuosamente nostálgica, mais ligeira e menos existencialista do que a média da dupla.

No epílogo, algumas limitações da obra de Burton voltam a dar as caras. Melhor como criador de ambientes e personagens do que como narrador, ele costuma criar finais de filme frouxos -e o novo trabalho não é exceção.

Mas, antes disso, o recheio de "Sombras da Noite" deixou claro que a parceria com Depp ainda pulsa.

SOMBRAS DA NOITE

DIREÇÃO Tim Burton
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Espaço Unibanco Pompeia, Metrô Itaquera e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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