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Livro e exposição reúnem gravuras de Gilvan Samico Mestre pernambucano diz que suas novas obras estão entre o sol e as trevas Artista foi aluno do expressionista Goeldi e ao mesmo tempo sofreu influência da literatura de cordel em Olinda SILAS MARTÍDE SÃO PAULO Gilvan Samico já havia trocado a noite pelo dia. Agora ele está no meio do caminho. "Minha gravura, quando tinha uma ligação com a literatura de cordel, era muito aberta, solar. Depois foi perdendo essa qualidade", conta o artista. "Hoje não é mais solar nem noturna, é tardia, uma coisa de clima ameno." Samico, 84, parece ter encontrado em gravuras recentes, agora na galeria Estação, em São Paulo, uma terceira via entre o movimento armorial, ideia de extrair uma cultura erudita de raízes populares nordestinas, e as trevas de Oswaldo Goeldi, de quem foi um "aluno meio largado". Sua obra mescla enredos de mitos e lendas a alegorias que "vêm de dentro", amortecendo a estridência tropical de sua Olinda natal em composições fechadas, ícones em estruturas talhadas com minúcia na madeira. "Comecei a tentar conter a imagem toda dentro do espaço, que ela ficasse toda ali", diz Samico. "Então a fusão da minha produção branca com outra mais negra levou a esse resultado que sigo." Num livro lançado agora, que revê toda a obra de Samico, Ariano Suassuna escreve sobre seu "tino para distinguir as vozes legítimas de sua família espiritual" e sobre como abre "veredas no terreno áspero e tirano da beleza". Agreste ou rude são palavras que podem mesmo descrever a natureza desses desenhos esculpidos, traços parcos e precisos, sublinhados por lampejos de cor. Mesmo tendo começado sob influência de Abelardo da Hora e sua estética comunista, que reverberava o tom panfletário dos muralistas mexicanos e suas figuras obesas, Samico trilhou uma rota mais primitiva, de figuras humanas delicadas envoltas em turbilhões de frisos, padrões e estampas ricas e complexas. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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