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Criador da série "Simpsons" encerra tirinha após 32 anos

Após 1.669 tirinhas publicadas em jornais e revistas durante 32 anos, "Life in Hell", do cartunista Matt Groening, chegou ao fim.

O quadrinista, criador de "Os Simpsons", anunciou que "se divertiu muito", mas que era hora de deixar os personagens tirarem uma folga.

As tirinhas de estética minimalista e temática provocativa, publicadas originalmente no "Los Angeles Reader", saltaram aos olhos do produtor James L. Brooks em 1985. Ele então convidou o autor a desenvolver desenhos para o "The Tracey Ullman Show". Logo surgiria a família amarela de Springfield.

A notoriedade alcançada pela animação catapultou a carreira de Groening e ecoou em "Life in Hell", que chegou a ser publicada em 379 veículos. Nos últimos anos, a tira saía em 38 publicações.

A última tira inédita (reproduzida ao lado) foi publicada no dia 15 de junho, mas os jornais terão a opção de reproduzir quadrinhos de arquivo até a sexta-feira 13 deste mês.

Sondra Gatewood, executiva da Acme Features, responsável pela distribuição da tira, disse à imprensa americana que Groening estava perdendo dinheiro com o projeto nos últimos anos. Os jornais americanos estariam pagando apenas US$ 18 (R$ 37,60) por cada tirinha.

A tira estreou na Folha em 18 de fevereiro de 1991, como parte da página "Quadrões", também iniciada naquele dia.

Com traços simples e frases certeiras, Groening criou personagens idiossincráticos que pudessem dar voz às suas reflexões políticas, sociais e culturais.

Binky é um coelho antropomorfizado. Depressivo e alienado, desfia desilusões contemporâneas urbanas: moradia ruim, emprego péssimo e visitas inevitáveis ao terapeuta.

Akbar e Jeff são personagens idênticos, descritos em uma tira como "irmãos ou amantes, ou ambos", vestem camisetas à la Charlie Brown e sempre discutem questões existenciais travestidas de papo-furado do cotidiano.

A intrépida iconoclastia de Groening, ainda vista em "Simpsons" e "Futurama", fará falta nas tiras dos jornais.