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No Rio, Ernesto Neto celebra sua obra com festa em ateliê

SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

De camisa fúcsia, calça alaranjada e microfone na mão, Ernesto Neto sobe numa cadeira no meio de seu ateliê.

"Aí, rapaziada, eu preciso que vocês me ajudem a carregar essas pedras moles", diz o artista, falando de suas esculturas de crochê e bolinhas de plástico. "Vamos levar as pedras lá para cima."

Era o momento de desmontar a maior parte da exposição, cedendo lugar à festa que celebraria sua obra.

Depois que a "alta casta, de salto agulha", nas palavras da sua galerista, Marcia Fortes, havia visto as peças montadas, a ordem era apagar a luz e ligar a música.

Então um enxame de artistas, galeristas, críticos e colunistas sociais lotou o ateliê de Neto na zona portuária do Rio, concentrando boa parte do PIB da arte nacional em dois galpões contíguos cheio de instalações.

As duas salas simulavam, na mesma disposição, a forma como suas obras serão mostradas em São Paulo a partir da semana que vem.

No Rio, porém, as peças serviam de mobiliário -colorido e caro (uma delas, confeccionada por costureiras do bairro, ostentava o valor de US$ 250 mil) e colorido- para convidados que se esbaldavam nas pistas de dança.

"Isso é para o público vivenciar a obra em seu berço original, no seu habitat", observa Marcia Fortes, enquanto três rapazes se agitam dentro de uma estrutura gigante de crochê.

"Olha isso, essa passagem sutil de cores, parece Cézanne", completa a marchande, agachando-se para tirar dali uns tênis esquecidos.

Neto, um dos artistas mais renomados do país, é famoso também pelas festas épicas que faz no Rio. Decidiu então juntar a balada em si ao aspecto festivo da obra.

"Festa é coisa cultural, é uma loucura", diz Neto, entre goles de cerveja.

"Todo mundo quer festa. Quero gente andando no gasoso, na atmosfera, num estado de suspensão, e a festa leva as pessoas a esse lugar grupal. Pode ser rico, pobre, classe média. A festa é onde você pode encontrar e estar feliz com todos os amigos."

No caso, amigos, trabalhadores e funcionários do ateliê e da galeria paulistana.

Na manhã da festa, a Fortes Vilaça lotou um ônibus em São Paulo e levou os funcionários, entre porteiros, seguranças e montadores da galeria, para acompanhar a abertura.

Depois de perder o botão da calça numa das esculturas, Afonso Luz, crítico de arte e ex-assessor do Ministério da Cultura, contemplava o alvoroço dos convidados em torno das esculturas.

"Olha isso, você devia entrar lá", diz Luz à reportagem. "O Rio virou mesmo um paraíso, uma terra da fantasia."

O jornalista SILAS MARTÍ viajou a convite da galeria Fortes Vilaça

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