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Crítica ação Banal, thriller 'Headhunters' confunde excesso com estilo RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard provocou: "A Hollywood dos anos 1930 a 1950 podia fazer filmes que ninguém mais conseguia. Hoje, até os noruegueses podem fazer filmes tão ruins quanto os americanos". É improvável que o recluso cineasta tenha se dado ao trabalho de assistir a "Headhunters", mas sua "boutade" cai como uma luva nessa coprodução Noruega-Alemanha, baseada em best-seller de Jo Nesbo e dirigida por Morten Tyldum. Apesar de se filiar à recente onda de literatura de suspense nórdica, o filme parece ter como pretensão emular o thriller hollywoodiano. Não se trata apenas de seguir as regras do suspense. Mas de apostar todas as fichas em um modismo associado a esse gênero: a crença de que, quanto mais complicada a trama, melhor o filme. Nesse sentido, "Headhunters" está próximo de filmes como "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" (1998), de Guy Ritchie, e "Amnésia" (2000), de Christopher Nolan. Na trama do filme norueguês, um headhunter (Aksel Hennie) com complexo de inferioridade por sua baixa estatura mantém seu elevado padrão de vida e sua espetacular mulher (Synnove Macody Lund) roubando obras de arte valiosas nas horas vagas. Certo dia, ele decide furtar um quadro de Rubens de um executivo holandês (Nikolaj Coster-Waldau), sem saber que se trata de um mercenário que se aproximou dele por razões escusas. Tyldum conduz a narrativa e dirige os atores com competência, mas confunde esperteza com inteligência, excesso com estilo. Talvez seja exagero dizer que o diretor fez um filme tão ruim quanto os americanos, mas o fato é que conseguiu igualar-se a eles em banalidade. Ou seja, em breve ele deverá receber um convite para dirigir sua primeira produção em Hollywood.
HEADHUNTERS |
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