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Mesas emocionadas do dia final conquistam o público

Escritor Carlito Azevedo leu um poema inédito seu dedicado a Drummond

'Eu escrevia sobre sexo porque não fazia sexo', disse o russo Gary Shteyngart no debate que encerrou o evento

DOS ENVIADOS A PARATY (RJ)

Foi a combinação ideal: num dia nublado e chuvoso que, em contraste com os anteriores, não estimulava as caminhadas por Paraty, o público que ficou dentro das tendas assistiu aos momentos mais divertidos e emocionantes da Flip 2012.

Às 10h, o clima interno se mostrava melhor do que o externo: o encontro entre o gaúcho Fabrício Carpinejar e a escocesa Jackie Kay fez a plateia rir e aplaudir sem parar.

Divertidos e bons de papo, dialogando um com o outro, falaram sobre como suas vidas se misturam a suas obras.

Sexo, família e morte foram abordados sem pudores -Carpinejar fez praticamente um show de comédia "stand-up", enquanto Kay foi menos histriônica, mas igualmente ágil e espirituosa.

O encontro seguinte reuniu dois autores mais tímidos -o sergipano Francisco Dantas e o carioca Rubens Figueiredo-, mas também rendeu bons momentos.

O tema da mesa era "A Imaginação Engajada", e Dantas comentou que a palavra "engajamento" tornou-se pejorativa na literatura por estar associada a romances maniqueístas. "Não vivo num limbo, vivo na sociedade, escrevo para mudar as coisas."

O primeiro debate da tarde foi marcado por um dos momentos mais emocionantes, quando o poeta Carlito Azevedo leu um poema inédito seu dedicado a Carlos Drummond de Andrade, homenageado da festa e tema da mesa que ele dividiu com o também poeta Eucanaã Ferraz.

Ao encerrar a leitura do poema -intitulado "Pequeno Príncipe" e publicado ontem em primeira mão na "Ilustríssima"-, Azevedo, emocionado, foi muito aplaudido.

Encerrando as mesas da Flip, o russo radicado nos EUA Gary Shteyngart e o inglês Hanif Kureishi arrancaram risos da plateia -falaram de humor na literatura, sexo e escritores profissionais.

"Eu escrevia sobre sexo porque não fazia sexo", disse Shteyngart, um quarentão, em tom jocoso. Kureishi, ao falar sobre ser escritor profissional, sentenciou: "Escritores, quando se encontram, só falam de dinheiro, nunca do que estão escrevendo".

Os dois, professores de cursos de escrita criativa, justificaram a atividade dizendo que não é possível ensinar alguém a escrever, mas, sim, indicar bons caminhos. Deixaram o palco sob os lamentos da plateia.

(MARCO AURÉLIO CANÔNICO E MARCO RODRIGO ALMEIDA)

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