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Festival em Londres monta encenação inédita para texto do autor Don DeLillo

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O Festival de Literatura de Londres apresentou nesta semana a primeira encenação europeia da peça "The Word for Snow" (a palavra para neve), concebida pelo escritor americano Don DeLillo, 75, e ainda não publicada.

Autor de livros como "Ruído Branco" (1985), "Mao II" (1991) e "Submundo" (1997), DeLillo investigou dois temas: a linguagem e o aquecimento global.

A peça mostra o encontro de um peregrino com um professor exilado em um ponto remoto da Ásia central, permeado por intervenções de um intérprete, capaz de compreender a mente do acadêmico e de traduzir o que fala numa antiga língua eslava.

O planeta, nesse momento, está se desintegrando e sendo substituído por palavras que descrevem o que antes realmente existia.

O peregrino tenta perguntar ao professor: o que está acontecendo com o mundo?

No decorrer da apresentação, em ato único, não haverá resposta direta para a questão, mas grandes diálogos e dúvidas filosóficas têm lugar na montagem minimalista do diretor Jack McNamara.

O diretor contou ao "Guardian" que teve de convencer DeLillo, um autor que não gosta de aparecer, de que seu texto merecia a encenação.

A peça conta com projeções de catástrofes naturais, como enchentes e tsunamis, e imagens de ursos polares em seu habitat, além de ter um percussionista fazendo pequenas intervenções.

O texto soa como um alerta ao que pode acontecer à Terra nos próximos anos e como um questionamento sobre os limites da linguagem: "A palavra para neve será a neve", afirma o professor.

Ao fim, um coro repete a primeira intervenção do peregrino, no que parece um bom resumo do que motivou DeLillo a escrever a peça: "O mundo. Esse é o nosso assunto mais importante".

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