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Guitarrada, gênero tradicional do Pará, reforça status cult aos 50 anos Ritmo precursor da lambada se reinventa com nomes da nova geração, filmes e discos ao vivo Mestre Vieira, criador da música com ênfase em solos de guitarra, é tema de documentário sobre história da cena
ENVIADO ESPECIAL A BARCARENA (PA) Gênero musical que mistura ritmos caribenhos e da região Norte do Brasil, a guitarrada comemora 50 anos em 2012 e tenta romper de vez as fronteiras do Pará. Documentários, um DVD ao vivo e CD duplo estão sendo produzidos sobre o estilo, criado a partir da lambada, com uma guitarra improvisada com cordas de violão em plena Amazônia. O criador da guitarrada, Joaquim Vieira, 77, conhecido como mestre Vieira, será o centro de um longa sobre a efeméride e gravará seu primeiro DVD ao vivo. Já Pio Lobato, 40, responsável por tornar a guitarrada cult ao resgatar o legado de mestre Vieira nos anos 2000, será protagonista de outro filme e vai gravar seu primeiro disco autoral de guitarrada. O ritmo tem se tornado conhecido fora do Pará graças aos acordes da banda de Gaby Amarantos, cujo guitarrista Félix Robatto é um dos principais nomes da geração da guitarrada dos anos 2000. O início remonta à década de 1960, quando Vieira, músico no município de Barcarena (a 50 km de Belém), foi ao cinema na capital. "Vi um filme que tinha uma guitarra e fiquei doido. Consegui uma guitarra quebrada, botei cordas de violão e fiz um amplificador com bateria de carro", conta Vieira. A jornalista e produtora cultural Luciana Medeiros, responsável pelo documentário e pelo DVD de Vieira, diz que não foi possível descobrir qual era o filme. "Ele não se lembra do nome. Só sabemos que foi na década de 60." Vieira, que tocava chorinho, transportou esse estilo musical para a guitarra e formou uma banda, em um ritmo que ficou conhecido inicialmente como lambada. A banda de Vieira fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980, tocando em vários Estados e gravando seis discos com a formação original. Graças a ele, vieram nomes tradicionais da lambada que estouraram no país, como Beto Barbosa e Márcia Ferreira. Na década de 1980 surgiu o nome "guitarrada", criado por um locutor de rádio paraense e que marcaria a diferença entre o som feito por Vieira e pelos grandes nomes da lambada: a ênfase na guitarra, com solos e improvisos. O filme "Coisa Maravilha", que está em fase de edição, contará essa história e mostrará a influência de Vieira sobre a atual música do Pará. O DVD reuniu a antiga banda, "Mestre Vieira e os Dinâmicos", para shows em Belém. Ambos os produtos serão lançados em outubro. As obras de Pio Lobato ainda estão em fase inicial e só devem sair no próximo ano. O documentário ainda capta recursos. O CD já começou a ser gravado. "Havia um preconceito com a guitarrada por ser um estilo musical surgido na classe pobre. O mérito de Pio foi obter uma aceitação por uma camada social mais elitizada", diz o responsável pelo filme, Ismael Machado. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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