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Técnico revela inéditas de Clara Nunes

Sonoplasta pretende lançar registros de duas apresentações da cantora mineira, que completaria 70 anos hoje

Gravações raras foram feitas na década de 1970 em shows da intérprete na Costa do Marfim e em São Paulo

LUCAS NOBILE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

"Sujou um pouco a cabeça na hora de rebobinar", explica Genival Barros, 72, com cotonete e acetona nas mãos, enquanto limpa seu aparelho de som dos anos 1970.

Ali, giram em fitas de rolo registros inéditos de Clara Francisca Gonçalves, a Clara Nunes, que completaria 70 anos hoje, se não tivesse sucumbido a uma cirurgia mal sucedida de varizes, em 1983.

O tesouro, guardado a sete chaves por Barros em seu escritório em São Bernardo do Campo, na Grande SP, é a gravação em áudio que fez de dois shows da cantora mineira na década de 1970 -um, na África, outro em São Paulo.

"Entre agosto e novembro, o Roberto Carlos dava uma parada, aí eu acompanhava a Clara", lembra Barros, que é técnico de som do Rei desde 1965. "O astral dela era impressionante. Ela crescia muito no palco, parecia que tinha dois metros de altura."

Nunca lançados, esses registros podem chegar às prateleiras pela EMI em um futuro ainda incerto, com a ajuda do jornalista Vagner Fernandes, biógrafo da cantora, que fez a ponte entre o sonoplasta e a gravadora.

"Eu liguei para o Genival há mais ou menos dois anos para consultá-lo sobre um registro de um show da Clara no Maksoud Plaza, em 1982. E ele disse: 'Pô, cara, não tenho, mas tem duas coisas aqui que vão te interessar. Você vai ficar maluco'", conta Fernandes.

"Começamos a conversar desde então. Levei essa história para o pessoal da EMI, e eles se interessaram em lançar os dois áudios em CD."

O técnico de som ainda não digitalizou as gravações. "Tenho medo de levar num estúdio e fazerem cópias."

"Fiquei sabendo do material. Preciso ver se a qualidade é boa mesmo. Não adianta lançar algo que não seja à altura [de Clara]", diz Paulo César Pinheiro, viúvo da cantora e herdeiro universal dos direitos sobre a obra dela.

RARIDADES

Entre as novidades está o registro de um show da "Guerreira" em 1976, em Abidjan, Costa do Marfim.

Na ocasião, Clara viajou à África com Paulo César Pinheiro, João Nogueira e sua banda, para dois shows.

No início da apresentação, músicos locais fazem a ponte entre música africana e brasileira, convidando Clara ao palco para mostrar seu repertório essencialmente fincado no samba naquele momento de sua carreira.

"Há poucos registros ao vivo de Clara na segunda metade da década de 1970", ressalta Vagner sobre a importância do material.

Temas como "Na Linha do Mar", "Coisa da Antiga", "As Forças da Natureza" e um pot-pourri com "Domingo no Parque", "Disparada" e "Ponteio" compõem o repertório.

O outro registro, com ótima qualidade de áudio, foi feito em 21 de outubro de 1978, no Anhembi, em São Paulo. O show fazia parte do projeto "Sabor Bem Brasil", que rodou o país com Clara cantando e atuando como mestre de cerimônias.

No encontro, ela divide o palco com Luiz Gonzaga, João Bosco, Waldir Azevedo e Altamiro Carrilho e Caçulinha.

As performances incluem "Lamento" (com Altamiro), "Brasileirinho" e "Pedacinhos do Céu" (com Waldir), "Guerreira" e "Juízo Final".

"Pau de Arara", "Asa Branca", "Assum Preto" (com Gonzagão), "Incompatibilidade de Gênios", "De Frente pro Crime", "Kid Cavaquinho" e "O Mestre-Sala dos Mares" (com João Bosco) são destaques.

Ouça trecho de show inédito de Clara Nunes
folha.com/no1134801

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