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Fogo destrói parte de coleção de arte moderna no Rio

Obra-prima de Di Cavalcanti, "Samba" foi queimada no incêndio que atingiu cobertura do marchand Jean Boghici

Especialistas estimam perda em pelo menos R$ 60 milhões; causas do incidente ainda estão sendo apuradas;

Reuters
'Samba', tela de Di Cavalcanti, queimada em incêndio anteontem em apartamento no Rio
'Samba', tela de Di Cavalcanti, queimada em incêndio anteontem em apartamento no Rio

DO RIO
DE SÃO PAULO

Uma das mais importantes coleções particulares de arte abrigadas no país, que incluía obras como o quadro "Samba" (1925), de Emiliano Di Cavalcanti, foi parcialmente destruída anteontem em um incêndio que atingiu a cobertura duplex do marchand e colecionador Jean Boghici, em Copacabana, no Rio.

"Queimou. Tudo bem. Muita coisa se salvou. Outras coisas se queimaram, o que eu posso fazer?", lamentou Boghici ontem, ao deixar o apartamento após vistoria. Ele tentara entrar no imóvel em chamas anteontem à noite, mas foi impedido pelos bombeiros. "Foi uma fatalidade."

"É uma tragédia gigantesca para a cultura brasileira. Era uma das melhores e mais representativas coleções da primeira metade do século 20", disse Washington Fajardo, secretário de Patrimônio do Rio e um dos primeiros a entrar no local após o fogo.

"Estava tudo muito escuro. Eu vi o 'Samba', do Di Cavalcanti, completamente destruído. Consegui ver um 'Bicho' [escultura], da Lygia Clark, no chão", disse Fajardo.

Especialistas ouvidos pela Folha estimaram as perdas em pelo menos R$ 60 milhões. Além da obra de Di Cavalcanti, com valor calculado em R$ 50 milhões, outras peças importantes queimadas foram um quadro de Vicente do Rêgo Monteiro dos anos 1920, um de Joaquín Torres-García, de 1931, e dois de Alberto da Veiga Guignard.

"Do Di Cavalcanti, sobraram só os pés das figuras. O Torres-García torrou inteiro, o Morandi também", disse um amigo de Boghici, que esteve no apartamento ontem.

O colecionador tem ainda obras de Tarsila do Amaral -"O Sono" (1928) e "Sol Poente" (1929)- que foram salvas, assim como uma escultura de Victor Brecheret e móbiles de Alexander Calder.

As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas, mas a suspeita é de que o fogo tenha sido causado por um curto-circuito no ar-condicionado. (FABIO BRISOLLA, MARCO AURÉLIO CANÔNICO E SILAS MARTÍ)

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