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Festival Varilux abre hoje com fenômeno de bilheteria

Comédia "Intocáveis" é o filme de língua não inglesa mais visto da história

Apesar do grande sucesso na França, longa sofreu acusações de racismo ao ser exibido nos EUA

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

"O Artista" provou que a França ainda pode produzir filmes capazes de encantar Hollywood e o Oscar.

Mas foi "Intocáveis", que abre hoje o Festival Varilux de Cinema Francês, em 32 cidades brasileiras, o responsável por mostrar que o país também pode surpreender em bilheteria.

A comédia sobre um milionário tetraplégico (François Cluzet) que contrata um negro (Omar Sy) do gueto para servir de enfermeiro tornou-se o filme de língua não inglesa mais visto do cinema.

O longa faturou mundialmente US$ 361 milhões (R$ 722 milhões) e deixou para trás o recorde de US$ 274 milhões (R$ 528 milhões) de "A Viagem de Chihiro" (2002).

"O sucesso foi uma surpresa", diz à Folha Olivier Nakache, diretor do longa com Éric Toledano. "Tivemos a sorte de escolher esses dois atores que deram algo mágico ao filme. É o tipo de coisa que acontece uma vez na vida."

Baseada no livro de Philippe Pozzo Di Borgo, que escreveu sobre sua vida após um acidente de parapente, a história era perseguida por produtores, mas o escritor não queria vender os direitos.

"Passamos três dias com ele no Marrocos, rindo muito. Depois ele falou: 'Minha história é sua'. Ele gostou do nosso tom cômico e não queria outro drama sobre redenção", confessa o cineasta.

"Quando Phillipe viu o filme, ele falou: 'Se pudesse, eu me levantaria para aplaudir."

Apesar do humor, não foi fácil financiar a produção de € 8 milhões (R$ 19 milhões). "Fomos chamados de loucos. Aconteceu o mesmo com Michel Hazanavicius ao vender 'O Artista', um filme em preto e branco. Acho que os dois funcionaram bem", brinca Nakache.

Mas nem tudo é diversão em "Intocáveis". Quando o filme estreou nos EUA, em junho, alguns críticos acusaram a comédia de ser racista por estereotipar o negro Driss, que é argelino na vida real.

"Ficamos magoados quando lemos isso. Fizemos o filme porque queríamos trabalhar com Omar novamente, e ele é negro, mas podia ser branco, amarelo", fala o diretor. "Acho que viram o longa com um olhar americano e não com uma visão global."

A polêmica pode ser até maior se os irmãos Weinstein, que preparam o remake americano da comédia com Colin Firth no papel do tetraplégico, seguirem o desejo de Nakache para o papel do Driss americano: "Meryl Streep seria perfeita. Ela pode fazer qualquer papel".

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